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GRANDES LÍDERES – Histórias de Empreendedorismo e gestão

Nossa entrevistada é a diretora presidente executiva da Fundação Social Hospitalar de Içara, que administra o hospital São Donato, a advogada Sandra de Sá

Desde sempre, eu sabia que queria ser advogada, e essa decisão se concretizou ao longo do tempo. Cursar Direito e passar na prova da Ordem foram passos fundamentais para formalizar a vocação.

Além disso, sou filha, mãe, avó e amiga. Também faço parte do Lions Clube, estou Presidente da Associação dos Bombeiros Comunitários de Içara e ocupo o cargo de Diretora Presidente Executiva da Fundação Social Hospitalar de Içara.

1- Quando percebeste que era empreendedora e líder com habilidade de comandar equipes e projetos?

Tornar-me empreendedora e líder foi algo que aconteceu de forma orgânica e natural ao longo da minha trajetória. Isso não foi algo que busquei deliberadamente, mas foi uma habilidade que foi se desenvolvendo à medida que fui enfrentando desafios, seja em projetos acadêmicos, profissionais ou até mesmo pessoais.

Sempre que eu estiver envolvida em um projeto, sinto uma certa necessidade para organizar, delegar tarefas e garantir que todas as orientações sejam voltadas em direção a um objetivo comum. Com o tempo, essa predisposição para liderar equipes e projetos se tornou uma característica marcante do meu estilo de vida e trabalho. Acredito que essa habilidade se deve, em parte, à minha capacidade de ouvir as pessoas, entender suas necessidades e, ao mesmo tempo, manter a unidade.

2- Qual tua característica pessoal serve melhor aos teus propósitos profissionais?

Acredito que a minha maior característica pessoal, e aquilo que realmente define a minha essência como líder e empreendedora, é a capacidade de inspirar e influenciar as pessoas com confiança. Não é simplesmente sobre comandar ou direcionar, mas sobre transmitir uma confiança sincera, que nasce de uma visão clara e de um compromisso com os valores que acredito serem fundamentais para qualquer equipe ou projeto de sucesso.

Além disso, uma das facetas mais importantes dessa característica é promover a colaboração entre as pessoas. Acredito fortemente que o verdadeiro sucesso só é possível quando há uma cooperação genuína e uma troca de ideias entre os membros de uma equipe. Para mim, liderar é muito mais do que simplesmente delegar tarefas — é sobre criar um ambiente onde cada pessoa se sinta ouvida, respeitada e, acima de tudo, encorajada a contribuir com o que tem de melhor. Eu me esforço constantemente para criar uma cultura de colaboração, onde todos possam sentir que têm um papel importante a desenvolver e que sua ideia é valorosa.

3- Quais as funções que exerces costumeiramente no trabalho?

Eu trabalho incansavelmente para aflorar o que cada um tem de melhor. Para mim, cada pessoa traz consigo um conjunto único de talentos, experiências e perspectivas, e é meu papel proporcionar meios e recurso para que esses talentos não sejam apenas reconhecidos, mas também incentivados a florescer. A motivação, nesse sentido, não é algo que possa ser imposto de fora para dentro; ela precisa ser cultivada. E é verdade que isso só pode acontecer em um ambiente onde as pessoas se sentem realmente valorizadas — onde saibam que seu esforço é reconhecido, que seu trabalho faz diferença e que elas têm espaço para crescer e aparecer.

4 – O que motiva tuas ações e direciona tuas decisões?

Minhas ações, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, são profundamente motivadas por um desejo intrínseco de deixar o mundo um pouco melhor do que aquele que encontrei. Esse princípio norteador não é apenas uma ideia vaga ou uma aspiração idealista, mas algo que permeia cada decisão que tomo, cada iniciativa que lidero e cada projeto que abraço. Acredito que, ao longo de nossa existência, estamos colocados em uma posição privilegiada de influência, transformando e impactando com certeza o ambiente ao nosso redor — e é exatamente esse senso de responsabilidade que eu tenho.

5 – Quais características tu buscas na tua equipe e nos colaboradores individualmente?

Busco pessoas colaborativas que estejam dispostas a superar desafios e buscar a excelência com abnegação. Isso significa encontrar indivíduos que vão além de suas funções formais e se comprometam totalmente com o projeto e o resultado.

Pessoas colaborativas são pessoas que têm uma visão mais ampla do que é esperado em suas funções diárias, estão dispostas a transcender o básico, a romper a barreira do que está formalmente nomeado como suas funções. A colaboração é algo mais profundo, mais substancial. Colaborar significa estar disposto a se envolver de maneira ativa, consciente e generosa em todos os aspectos do trabalho. Significa se comprometer com os colegas, com o resultado final.

Superar desafios é outra qualidade fundamental na jornada da excelência. É importante que o indivíduo encare os obstáculos como oportunidades de recuperação, experiência e crescimento.
A abnegação é uma qualidade rara e útil, que envolve uma capacidade de colocar o coletivo à frente do indivíduo, sacrificando o conforto imediato por resultados significativos.

6 – Na hora de escolher um profissional levas em consideração o gênero?

As características descritas no item 5.

7 – Para que tipo de coisa tu dirias “Deus me livre”?

Eu digo Deus me livre das vaidades humanas.

A palavra “vaidade” possui uma origem rica e significativa, remontando ao latim, mais precisamente ao termo “vanitas”. Esse vocabulário, no contexto original, carrega uma conotação de algo sem substância, vazia ou ilusória, muito diferente da interpretação moderna que, em muitos casos, está associada ao orgulho ou à preocupação excessiva com a aparência. Em seu sentido etimológico, “vaidade” refere-se ao aquilo que é desprovido de valor real, como uma ilusão que seduz, mas que no fundo não traz nenhum benefício ou substância verdadeira.

A vaidade se manifesta de maneiras diferentes e variadas, muitas vezes expressa como uma busca incessante por aprovação ou reconhecimento alheio. É essa necessidade constante de validação externa, muitas vezes sem justificativa, que a caracteriza como algo vazio e ilusório. Ao invés de buscar um propósito mais profundo ou um significado maior em suas ações, o indivíduo vaidoso se prende ao superficial, buscando sempre aplausos e reconhecimento, mesmo que esses não estejam ancorados em méritos genuínos.

8- Que lições mais preciosas aprendeste com as pessoas? Cite um exemplo.

Ao longo do tempo, fui gradualmente compreendendo que a vida não é justa. Esta constatação não se deu de maneira imediata, nem por um único evento. Pelo contrário, foi uma aprendizagem construída ao longo do tempo, moldada por experiências pessoais e profissionais, por observações e reflexões profundas sobre as dinâmicas sociais e as relações humanas. Cada interação, cada obstáculo, cada desafio enfrentado me alterou a essa percepção, de que a justiça, no sentido mais absoluto, raramente se manifesta de maneira equitativa ou previsível no cotidiano.

Na infância e juventude, muitas vezes crescemos com a ideia de que o mundo recompensa o esforço, o trabalho duro e o mérito de maneira justa e proporcional. Acreditamos que as regras são claras, que há uma espécie de equilíbrio natural entre o que damos ao mundo e o que recebemos em troca. Porém, à medida que avançamos, começamos a perceber que essa visão idealista nem sempre se confirma na prática. Pessoas talentosas e dedicadas muitas vezes enfrentam frustrações, injustiças e insucessos, enquanto outras, aparentemente menos comprometidas, conseguem alcançar posições de destaque sem grandes esforços aparentes. Essa realidade gera um desconforto, um estranhamento que, com o tempo, nos força a ressignificar.

9- Que lições mais preciosas aprendeste sozinha?

Uma das lições mais profundas e transformadoras que aprendi ao longo da minha jornada é a noção de que sou, em última instância, responsável tanto pelo meu sucesso quanto pelo meu insucesso. Essa compreensão, embora simples em sua essência, carrega um peso imenso e envolve uma reflexão constante sobre as escolhas que fazemos, as atitudes que adotamos e as maneiras como enfrentamos os desafios que a vida nos impõe. Não é uma verdade que se aceite facilmente, pois exige um nível de honestidade e autorreflexão que nem sempre estamos dispostos a abraçar. No entanto, ao internalizar essa ideia, ela se torna uma poderosa ferramenta de empoderamento pessoal.
Ao afirmar que sou responsável pelo meu sucesso, reconheço que o destino não é algo que simplesmente acontece, mas sim o resultado de uma série de decisões conscientes e deliberadas que tomaremos ao longo do caminho. O sucesso, em qualquer esfera da vida — seja profissional, pessoal, emocional ou intelectual —, não é algo que se alcança por acaso. Ele é o fruto da dedicação, do trabalho árduo, do planejamento e, acima de tudo, de uma mentalidade que busca constantemente o crescimento e a superação dos próprios limites.

10 – Quais tuas referências na busca pelo crescimento e conhecimento?

Minhas referências na busca pelo crescimento e conhecimento são vastas, ecléticas e diversas, refletindo o desejo constante de aprender e evoluir em todas as esferas da vida, sejam elas profissionais, pessoais ou intelectuais. Ao longo da minha trajetória, percebi que não há uma única fonte de inspiração ou aprendizado; em vez disso, minha busca por conhecimento é alimentada por uma combinação rica de influências, que vão desde grandes pensadores e líderes globais até pessoas do bairro.

11- Como gostarias de ser reconhecida por teus colaboradores, colegas e pessoas do teu meio profissional?

Desejo ser lembrada não apenas pelas conquistas tangíveis que obtive ao longo da carreira, mas principalmente pelo impacto que causei nas vidas das pessoas com quem trabalhei, pelo ambiente que criei, pela forma como tratei cada indivíduo e pela inspiração que pude proporcionar. Mais do que qualquer reconhecimento formal ou títulos que possa acumular, o que mais valorizo é a capacidade de deixar um legado de crescimento, confiança e de transformação genuína nas vidas das pessoas que me rodeiam.

12 – Que frase ou conselho deixaria para a posteridade?

“A maior glória de viver não consiste em jamais cair, mas em reerguermo-nos sempre que o fizermos.” Nelson Mandela (1918-2013)

 

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