Golpe do boleto falso cresce e faz diversas vítimas; saiba como evitar
Só no Procon de Criciúma a média de vítimas, que caíram no golpe do boleto falso, é de três por dia
Recebeu um carnê com boletos de um financiamento ou compra em casa? Olhe bem, desconfie e procure a empresa responsável antes de começar a pagar. Cuidado, pois o golpe dos boletos falsos está crescendo e fazendo muitas vítimas. Só no Procon de Criciúma são registrados cerca de 50 casos por mês e uma média de três a cinco casos novos diários. Fora as ocorrências que são registrados diretamente na Polícia Civil ou que a vítima nem procura atendimento.
“Atendemos uma média de três pessoas por dia aqui, mas deve ter muito mais. Esses dias um vizinho de prédio veio me perguntar sobre um boleto. Ele havia recebido um carnê novo e viu que tinha umas coisas erradas. Ele disse que ligou para a empresa e eles informaram que não haviam enviado nada que seguia os boletos como ele já vinha fazendo. Fomos olhar e o beneficiário era um CPF, uma pessoa”, exemplifica o coordenador do Procon em Criciúma, Gustavo Colle.
Segundo ele, o golpe dos boletos falsos agora está sendo aplicado, na maioria das vezes, desta forma, com os golpistas enviando carnês para as casas das possíveis vítimas. “Não sei como eles fazem, deve ser uma organização criminosa porque pegam as informações. Por exemplo, eu comprei e financiei um carro em um banco. Eles pegam essas informações, emitem um boleto como se fosse do banco que eu fiz o financiamento e enviam para a pessoa. Ela começa a pagar aquele boleto, vai pagando os boletos falsos e fica devendo o carro. Agora eles partiram para essa modalidade”, detalha Colle.
Outra forma utilizada pelos golpistas é através de sites falsos similares aos verdadeiros. Seja na realização de uma compra com páginas clonadas de grandes redes varejistas ou de bancos. “Ainda acontece muito. A pessoa quer quitar um financiamento, por exemplo. Faltam duas, três prestações aí entra na internet, busca o site e clica em um link achando que é a página verdadeira, mas na real é uma página clonada, aí no site ela recebe os boletos falsos”, enumera o coordenador do Procon.
Pessoas procuram o Procon sem saber que são vítimas
Geralmente quando as pessoas procuram o Procon é para fazer uma reclamação contra a empresa, achando que estavam pagando o boleto verdadeiro. Chegando lá são informados que de que caíram em um golpe.
“Ele vem até o Procon reclamando que fizeram o pagamento de um boleto e não receberam o produto, aí vamos verificar o beneficiário do boleto não é o mesmo que ele achava que era. Por exemplo, ele compra um produto em um suposto site de um grande varejista, aí vai ver o beneficiário do boleto e é uma pessoa física e não a empresa”, afirma Colle.
No Procon as vítimas são orientados a registrar um Boletim de Ocorrência para que a Polícia Civil investigue. Já que a prática é considerada crime de estelionato.
“Mesmo assim fazemos o atendimento preliminar aqui. Entramos em contato com a empresa para ver se eles conseguem fazer o cancelamento ou restituição dos valores porque eles são ‘solidários’. Eles também estão sofrendo um tipo de prática abusiva, não são responsáveis, mas mesmo assim tentamos fazer algo para que o consumidor não fique no prejuízo”, explica o coordenador do Procon.
Saiba como evitar cair no golpe
O primeiro passo para evitar se tornar vítima do golpe do boleto falso é sempre desconfiar e checar as informações. Os golpistas mudam alguns detalhes no boleto. Além disso verificar sempre o beneficiário do pagamento. Porém a principal dica, segundo o coordenador do Procon, é procurar a empresa, principalmente, em caso de receber carnês e boletos em casa.
“Primeira situação é sempre quando receber o boleto pelo correio entrar em contato com a empresa que tem financiamento ou o vínculo. Perguntar se existe realmente a prática de ser enviado novos boletos pelo correio. Fazer análise minuciosa. O banco que está, os dados, o nome e CPF. Principalmente quem vai receber. Se o benefiário final é o mesmo que fez o vínculo, a relação de consumo. Quando entrar em contato com a empresa é bom que seja por telefone ou pessoalmente para evitar, também, cair em um canal de comunicação falso”, orienta Colle.
Veja como identificar um boleto falso:
Código de barras
Ao checar o código de barras do boleto, o número registrado deve ser o mesmo na parte superior e inferior do documento. Além disso, os três primeiros números também devem remeter ao código do banco que emitiu o boleto, enquanto os últimos dígitos devem representar o valor a ser pago.
Dados do beneficiário
No campo do beneficiário, deve constar o CPF ou CNPJ de quem vai receber o pagamento. Também é fundamental conferir o nome da loja. Vale a pena buscar por erros de digitação, logotipos trocados, ou até mesmo pesquisar o CNPJ na Receita Federal para ter certeza de que o documento é de fato verdadeiro.
Valor do pagamento
O valor do boleto deve estar informado no campo “valor do documento” e ao final da numeração do código de barras. Também é importante observar se o valor cobrado no boleto é o mesmo informado no seu histórico de pedidos do e-commerce ou loja.
Remetentes desconhecidos
Evite visualizar boletos enviados por remetentes desconhecidos em e-mails ou mensagens de redes sociais. Prefira sempre utilizar os canais oficiais de compra de lojas ou instituições financeiras e visualize os documentos por meio dessas páginas.
Evite baixar e imprimir
Não é indicado baixar e imprimir o documento, já que existem casos de golpes que invadem computadores e instalam programas para alterar as informações durante o processo de impressão. Sendo assim, se o remetente for conhecido, prefira sempre visualizar o boleto na página ou abri-lo em arquivo PDF.
Fonte: Exame e Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).