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Gladiador 2: rico no visual, pobre na história e você precisa assistir

Foto: Paramount Pictures

Quando abri minha coluna com o filme ‘Eu, Capitão’, fiquei ansioso de compartilhar minha crítica sobre ‘Gladiador 1’, longa-metragem do esforçado diretor Ridley Scott, que aos 86 anos não para de trabalhar. Para isso, eu tiro meu chapéu, é um profissional gigante e que merece destaque. Mas, seus últimos filmes estão sendo insuficientes para os mais críticos, como eu. E olha que é um dos meus diretores prediletos.

Gladiador 2 traz Lucius, que está no norte da África, mais exato na Numídia, vivendo uma vida sem Roma. Ele tem sua esposa e uma casa, mas, também, é soldado de um líder local e referência ao povo. Porém, os romanos invadem seu sossego, sua esposa é morta e a história de vingança contra Roma começa apenas a escrever as primeiras linhas. Lucius fará de tudo para vingar sua esposa e ter de volta a honra que sempre quis ter.

Força e honra e muito saudosismo

Uma série de erros e acertos define o novo filme. A motivação é repetida. Novamente, a vingança é apenas um meio para que faça a história acontecer. É um dejà vu do que o público acompanhou no primeiro longa.

Isso acaba tornando o processo do desenvolvimento mais lento, menos rigoroso consigo mesmo, em um roteiro que não se prende à historicidade, mas distorce o crescimento para apenas colocar Maximus e Gladiador com os louros no pódio.

A tal da “força e honra”, mensagem dita no primeiro e no segundo, acaba ecoando tanto nas sequências de Gladiador 2 que cansa o espectador. São frases atrás de frases repetidas do clássico para o segundo filme, parecendo não haver nenhuma criatividade da equipe de roteiristas composta por David Scarpa, Peter Craig e David Franzoni parece surfar apenas em homenagens e referências, nada mais amplo do que isso. O impecável visual até tenta elevar a história para um outro patamar, mas o roteiro pouco desenvolve um protagonista visto como forte e que poderia ser marcante.

Foto: Paramount Pictures

Elenco mitológico quer estar no Oscar

Paul Mescal ganha brilho no primeiro ato, mas que se perde aos poucos, sendo ofuscado por Pedro Pascal como o general Acacius e o vistoso Denzel Washington. Pascal tem uma boa atuação, confortável em seu personagem e uma reviravolta surpreendente. O problema é dado no desfecho da história deste personagem.

Por sua vez, o Macrinus de Washington é tão genial que chega a ser irritante. Uma colocação verdadeira e de grande valia para a história, já que os imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger) não se sustentam. É o básico de “se não estivesse aqui, não faria falta”.

Mesmo que Mescal não seja o melhor ator, mesmo sendo o protagonista, ele se esforça para entregar uma atuação bem compacta para este universo de Gladiador. Ele consegue transmitir a raiva, mas não o luto ou o sentimentalismo, como no primeiro filme. Nem de longe tem a melhor atuação, já que isso fica a cargo de Washington. Não seria de se espantar uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, pois, é um dos favoritos para vencer.

Tecnicamente brilhante, mas…

Na questão técnica, desde a parte gráfica até a montagem, trilha sonora e identidade visual, o filme faz um bom trabalho. Não excelente, mas digno de beliscar uma indicação ali e aqui na temporada de premiações. A cereja do bolo para Gladiador 2 é o design de produção, que, mais uma vez, é um trabalho excepcional de Scott.

É difícil saber o quão Gladiador 2 pode ter marcado a mente de Scott, que dessa vez acerta mais que Napoleão, mas erra em exagerar no saudosismo e surfar o sucesso de Gladiador. O roteiro picotado e sem carga dramática ou emocional, perde espaço para a ação intensa e sanguinária. Nada marcante, a sequência é apenas um blockbuster rico visualmente, mas pobre em uma história reciclada de um clássico inesquecível.

Nota: 5

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Créditos: Paramount Pictures

 

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