Forte e dramático, ‘Eu, Capitão’ é o melhor filme italiano do século
Gabriel Rodrigues estreia coluna com sua crítica de cinema, nesta sexta-feira (15)
Para abrir minha coluna no Portal Litoral Sul, e, também, destacando minha participação no 19º Festival de Cinema Italiano, escolhi falar de um longa-metragem intitulado ‘Eu, Capitão’.
O filme indicado ao Oscar de “Melhor Filme Internacional”, ‘Eu, Capitão’ traz uma mensagem forte e muito atual da imigração. O processo da imigração africana para uma região da Itália é costumeiro de noticiários estarem transmitindo, ou mesmo ser lido através de sites nacionais e internacionais. Porém, o diretor Matteo Garrone traz para o cenário cinematográfico, como um tapa na cara da sociedade.
Trama destaca a dura realidade de muitos humanos
O filme conta a história de dois irmãos, Seydou e Moussa, que anseiam por um futuro melhor. Os dois deixam Dakar, no Senegal, e partem rumo à Europa em uma épica aventura, onde enfrentam uma série de desafios do deserto, do mar e da própria essência humana.
Enquanto muitos projetos perdem a oportunidade de fazer uma crítica social, mesmo que possam ser propostos para isso, Eu, Capitão, não perde uma única chance. Não precisa nem destacar em tela o que realmente é uma crítica ao capitalismo, as ricas nações cegas e uma alfinetada nos poderosos. A obra deixa perguntas como “o que fazer para o mundo melhorar? ou “eles merecem um lugar no mundo”. Tais questionamentos e afirmações estão para o espectador responder para si e (re)pensar, e encarar que a vida não é um mar de rosas. Talvez até seja para alguns, mas não para muitos.
Forte, ensurdecedor, triste e revoltante. Do primeiro ao terceiro ato, essas palavras definem o longa-metragem. Medir a dor é impossível. O público acompanha esses dois jovens, além de um grupo de imigrantes que querem chegar à Itália. Cada personagem passa por uma provação, seja ela de persistência ou de liderar. É claro que esse é um acerto em cheio, e não destacar tanto os personagens secundários é outra decisão acertada. Mesmo que cada um tenha, ao menos, uma fala, o espectador não é mergulhado em uma subtrama sem nexo e cansativa – afinal, quase não há uma segunda história no filme.
Eu, Capitão, é um dos melhores filmes italianos já produzidos, e com certeza, é a melhor produção do país da bota em 2023. Matteo Garrone coloca todo o empenho e emoção em um projeto impactante e social, que critica o que precisa criticar em uma história dramática e contemporânea.
Nota: 10
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