Força de trabalho distribuída no pós-pandemia
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A força de trabalho distribuída se consolidou como um dos principais legados do período pós-pandemia, trazendo mudanças profundas na forma como nos comunicamos. Primeiro, houve uma divisão entre o trabalho remoto e o presencial. Só depois, redes e hábitos de comunicação começaram a se adaptar – um processo ainda em andamento. Mesmo empresas que operam 100% presencialmente precisam estar preparadas para interagir com colaboradores, fornecedores e clientes que estão remotos.
No entanto, esse modelo não se sustenta apenas com a instalação de ferramentas de videochamada. As empresas precisam ser intencionais e inclusivas para se adaptarem a essa dinâmica. Isso pode ser alcançado por meio de três pilares principais:
- Comunicação: As interações entre equipes remotas e presenciais podem ser desafiadoras. A falta de contexto e o acesso limitado à informação podem causar ruídos e mal-entendidos. Nessas situações, é essencial comunicar até o óbvio – com todos os detalhes e contexto necessários. A comunicação é um ato de corresponsabilidade e precisa ser clara e detalhada para evitar suposições, desentendimentos e conflitos, seja em vídeo chamadas, mensagens de chat ou e-mails.
- Gestão do Conhecimento: A força de trabalho distribuída pode levar a assimetrias de acesso à informação. Para mitigar esse efeito, a GitLab, por exemplo, estruturou uma Single Source of Truth (SSOT) – uma base de conhecimento acessível e constantemente atualizada. Funciona como uma Wikipedia interna, onde políticas, indicadores e processos estão disponíveis de forma transparente para todos os colaboradores. Benefícios desse modelo:
- Redução de reuniões: Menos tempo gasto para expor e explicar informações já documentadas.
- Facilitação da comunicação assíncrona: Ideal para equipes em diferentes fusos horários.
- Valorização das contribuições individuais: Todos têm espaço para contribuir com a evolução da base de conhecimento.
- Descentralização da tomada de decisão: Processos documentados oferecem mais autonomia e assertividade.
- Implementação de RAGs: Soluções simples de IA que facilitam a busca de informações por linguagem natural.3. Superação de Vieses Inconscientes: A coexistência de modelos remoto e presencial pode levar à formação de “micro-estruturas” de poder e influência. Existem dois vieses inconscientes principais que precisam ser mitigados:
- Viés de Proximidade: A valorização excessiva das contribuições de quem está fisicamente perto, distorcendo a percepção de competência e performance. Isso pode resultar em percepções distorcidas sobre a qualidade de fornecedores ou o desempenho de colaboradores.
- Viés de Recência: A tendência de favorecer quem foi visto ou ouvido recentemente. Se você precisa de ajuda em um projeto importante, provavelmente pensa primeiro em alguém com quem interagiu recentemente.
Para superar esses desafios, as organizações devem adotar estratégias que minimizem vieses inconscientes, promovendo uma cultura que valorize todas as contribuições e garanta acesso equitativo a oportunidades.
No contexto pós-pandemia, as organizações enfrentam o desafio de tornar seus modelos de gestão cada vez mais transparentes e inclusivos. As empresas de destaque serão aquelas que desenvolvem uma gestão robusta do conhecimento, ao mesmo tempo em que incentivam seus colaboradores a aprimorar hábitos de comunicação e a reconhecer vieses, fomentando um ambiente de trabalho mais colaborativo e justo.
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