Então é Natal: conheça a origem, significados e superstições das ceias
Você sabia que a rabanada também era chamada de “fatia de mulher parida” e que a Ceia de Natal se originou em um antigo costume europeu?
Natal sempre foi tempo de solidariedade, e o poder de paz no Natal é tão forte em todo o mundo, que já é tradição na França, os inimigos se reconciliarem no Natal. A ceia de Natal originou-se na Europa, e antigamente tinha um costume solidário bastante interessante: as famílias deixavam as portas das casas abertas para os desabrigados, viajantes e peregrinos jantarem junto com a família no dia 25 de dezembro que é tão significativa para os cristãos. Assim, originou-se o que chamamos de ceia ou banquete de Natal. Essa tradição foi se espalhando pelo mundo e cada região.
Outra representação da força da paz no Natal ocorreu em 1915, quando no auge da 1ª Guerra Mundial, os soldados britânicos e alemães deram uma trégua nos conflitos e transformaram o campo de batalha em uma grande confraternização, com trocas de presentes e até mesmo partidas de futebol entre os soldados. A comemoração perdurou por dois dias.
A ceia de Natal não é a mesma para todo mundo. Para essa comemoração eram preparados diversos pratos e essa tradição foi se espalhando pelo mundo e em cada região acrescentava uma particularidade local. Na França, prevalecem os patês de trufas e os frutos do mar. Os portugueses sempre comem bacalhau. Na Alemanha, não tem peru nem farofa, mas sim os pratos da culinária local. Os italianos até servem peru, mas o cardápio da ceia também conta com pratos exóticos como a enguia. Na Espanha, é tradição preparar a Rosca dos Reis Magos, que esconde um brinquedo no interior de sua massa.
Entre as curiosidades sobre o Natal, está o hábito de servir peru nas ceias de natal, que surgiu em 1621 na cidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. E então foi servido pela primeira vez em uma ceia de Ação de Graças.
Representava uma ave mais barata e fácil de engordar, por isso, foi levada pelos espanhóis para a Europa no século XVI e se popularizou com o tempo, fazendo parte dos costumes de outros países, como no Brasil, mas por aqui também costuma ser substituído por outras opções como chester e o tender.
A cultura de servir bacalhau na ceia de natal foi introduzida no Brasil pelos nossos colonizadores. Durante as principais festas católicas portuguesas, inclusive o Natal, o jejum implicava em não comer nenhum tipo de carne, por esse motivo os portugueses começaram a comer bacalhau.
As carnes de porco também são muito consumidas no almoço ou jantar de Natal. A tradição, em parte, vem da crença de que esse tipo de prato ajuda a trazer prosperidade. É que, de acordo com a superstição, não se deve comer nesse período de festas carne de animais que ciscam para trás, como o frango. É que, assim, a vida não vai para frente. Por via das dúvidas, muita gente opta por servir lombo ou pernil. Ah, existe também nossa deliciosa farofa que foi trazida ao Brasil pelos escravos africanos. A primeira versão era de farinha misturada com dendê.
Já a origem do panetone tem suas raízes em Milão, na Itália. Há várias lendas que explicam o surgimento da sobremesa. Uma delas garante que um jovem muito rico se apaixonou pela filha de um padeiro, que não aceitava o namoro. Para se aproximar da moça, ele passou a trabalhar na padaria. Criou, então, um pão diferente com frutas cristalizadas que tinha o formato da cúpula de uma igreja. A iguaria fez muito sucesso e o jovem espalhou que ela havia sido criada pelo padeiro, o Senhor Toni. Daí, ele ficou conhecido como pane del Toni ou panetone.
Outra versão conta que a receita teria surgido como a salvação para um convento pobre, onde vivia a irmã Ughetta. Diante da escassez, a freira aproveitou tudo o que tinha para fazer um pão com uvas passas. Ao criar o panetone, ela teria resolvido também o problema do caixa: o “pão doce”, muito apreciado por todos, começou a ser vendido, rendendo boas cifras para o convento.
Mas a versão mais popular diz que aconteceu entre os anos de 1494-1500 durante o reinado do duque de Milão, Ludovico – Il Moro, e seria uma linda história de receita criativa de sucesso, se ela não tivesse começado com um erro de Toni, um ajudante de cozinha, após trabalhar exaustivamente na véspera de Natal. Toni fazia, ao mesmo tempo, uma fornada de pães e uma massa de torta, a pedido de seu chefe, estando muito cansado, derrubou sem querer frutas da torta na massa de pães e tentou consertar a falha acrescentando também frutas cristalizadas, manteiga e ovos na receita. Sua criação fez muito sucesso e lhe rendeu grande prestígio junto a Ludovico Sforza, que decide chamar esse doce de “Pani di Toni” ou “o Pão de Toni” – em bom português – em homenagem ao seu criador.
A chegada do Panetone no Brasil coincide com a data da Segunda Guerra Mundial, quando os imigrantes italianos vieram em peso para o país. Por ser uma receita tradicionalmente natalina e muito querida por boa parte da população, é natural que a mesma começasse a ser repassada entre gerações após a instalação das grandes colônias italianas por aqui.
O costume de servir frutas frescas durante a ceia de Natal está ligado aos costumes indígenos e africanos, que exerceram uma grande infuência na culinária brasileira. Já a utilização de frutas cristalizadas e uvas-passas é de origem mediterrânea. O fim do outono e início do inverno é o período de maior produção dos frutos secos, que são nativos da Europa e Ásia. Por causa da sazonalidade, costumavam ser servidos na ceia de Natal, do qual este costume chegou até nós.
As frutinhas cristalizadas vêm de uma época quando era difícil conservar os alimentos por muito tempo. Antigamente, um dos modos de fazer com que uma fruta durasse mais, era cobri-la com açúcar.
As cerejas são pequenas bolinhas vermelhas, e é incrível como se assemelham às esferas que penduramos nas árvores de Natal. Além disso, a popularidade das frutinhas cresce neste período porque, coincidentemente, é a melhor época de produção no Chile, grande exportador de cerejas.
A tradição da rabanada tem origem em Portugal, mais precisamente no Dia da Consoada, que é celebrado em 24 de dezembro. Criada através da necessidade do reaproveitamento do pão amanhecido embebidas em leite e ovo, sendo depois fritas e polvilhadas com açúcar e canela. Lá, a sobremesa surgiu em conventos que queriam evitar o desperdício aproveitando os pães velhos. Outra curiosidade é que essa delícia também era chamada de “fatias de parida” ou “fatia de mulher parida”. Reza a lenda que os portugueses também tinham o hábito de servir a rabanada às mulheres que davam à luz para que pudessem produzir mais leite.
O torrone é feito de açúcar, mel, baunilha e amêndoas. Surgiu em 1441, quando confeiteiros fizeram para um casamento um doce de formato parecido com o “torazzo”, a torre da praça central de Cremona, na Itália.
Tradicional para algumas famílias, o buche de noel é uma espécie de rocambole de pão de ló recheado com purê de castanhas portuguesas e coberto com creme de manteiga. O doce, em formato de tronco de árvore, foi criado pelos franceses no século 19 para lembrar o costume europeu de aquecer a casa com lareiras durante o inverno.
A lampreia é um dos doces típicos do Natal na região Norte de Portugal. Leva gema de ovos e açúcar. O doce tem a forma de uma lampreia, peixe muito comum no Rio Cávado, que cruza a região. São colocadas cerejas para simbolizar os olhos, e decorados com glacê e pérolas de açúcar no doce em meia-lua.
Enfim, o Natal é sempre recheado de curiosidades, e que neste Natal possamos estar com as pessoas queridas, vivendo momentos de paz, amor e muita alegria. Espero que tenha gostado, muito obrigada pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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