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Empresas catarinenses destacam-se com ações sociais no sistema prisional

“No ano de 2013 recebi um convite inusitado, ou melhor, fui desafiado: levar minha empresa para funcionar dentro de uma unidade de segurança. Sem deixar que o medo norteasse minha decisão, fui conhecer o ambiente e decidi aceitar o desafio. Hoje acredito que levar profissionalização e renda em substituição ao ócio devastador de uma cela opressora seja a melhor maneira de ressocializar os egressos e diminuir a reincidência”.

O depoimento é do empresário Daniel Rosa, da Thiesen Carretas Náuticas, uma das maiores empresas do ramo náutico do Brasil, e é reforçado pelas palavras do reeducando. “Tive a oportunidade de aprender uma profissão, então quando sair daqui pretendo ensinar a ‘gurizada’ a trabalhar com a madeira para não cair no crime como a gente caiu”, revela, emocionado, J. L., um dos mais de 400 detentos que trabalham no Complexo Penitenciário do Estado (Cope), em São Pedro de Alcântara.

Os dois testemunhos são um retrato da realidade hoje do Sistema Penitenciário Catarinense, com quase sete mil detentos em chão de fábrica exercendo atividades laborais em todo o estado e mais de 180 convênios com empresas e órgãos públicos.

Oficina da Thiesen Carretas Náuticas

Com um total de 32 empresas classificadas, entre elas a Thiesen Carretas Náuticas, Santa Catarina ficou em primeiro lugar na primeira edição do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional (Resgata) instituído pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Só o Complexo do Estado classificou nove empresas.

Criciúma

Já a Penitenciária Sul, em Criciúma, classificou a líder nacional em esquadrias e alumínios, a Esaf/Ibrap. “O trabalho prestado pelos reclusos é ótimo e estamos muito satisfeitos com a parceria que resulta em ressocialização por meio do trabalho”, revela o empresário Geraldo Fornaza, sócio-proprietário da empresa. “Tive uma chance e alguém que confiou em meu trabalho. Com o dinheiro que ganho dentro da unidade prisional, ajudo a manter minha família, e quando estava na rua eu não conseguia. Quando sair daqui já tenho um ofício”, declara o detento I. M.

“O selo é um importante reconhecimento às instituições que contribuem com a oferta de trabalho no sistema prisional auxiliando na construção da cidadania e de uma nova identidade à pessoa encarcerada. É um elogiável trabalho social”, lembra o secretário de Estado da Justiça e Cidadania, Leandro Lima.

São Cristóvão do Sul

Outro bom exemplo vem da Penitenciária da Região de Curitibanos, em São Cristóvão do Sul, que classificou três instituições no Selo Resgata, entre elas a LB Indústria e Comércio de Móveis. “Este convênio tem permitido a empresa desenvolver sua unidade industrial de estofados, além de colaborar com os detentos, fazendo com que aprendam uma atividade profissional”, explica o responsável pela oficina, Volmar Laercio Miolo. O reeducando C.R.C está satisfeito com os resultados da política laboral. “Ajuda na remissão e ainda rende um dinheiro para se manter e ajudar a família”, conta orgulhosamente.

Em 2017, a Penitenciária de Curitibanos celebrou um marco da política de ressocialização com 100% dos detentos trabalhando e 50% estudando enquanto cumprem a pena. São 19 mil metros quadrados de área com pavilhões industriais, construídos pelas próprias empresas, e mais de  800 detentos desenvolvendo atividades laborais em cuidados com a horta, fabricação de móveis, brinquedos, lajotas, tubos, cadeiras, caixas de embalagens para frutas e blocos de concreto.

“Estamos avançando com muita qualidade na consolidação de um programa estadual que leve cada vez mais a uma maior oferta de trabalho e reeducação aos detentos”, conclui o secretário da Justiça, Leandro Lima.

O selo Resgata é válido por um ciclo e as instituições – contempladas ou não – poderão se inscrever nas novas edições, cuja previsão é para o primeiro semestre de 2018. Nesta primeira etapa, fizeram parte do processo 127 instituições e 113 atenderam todos os requisitos.

 

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