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EDITORIAL: Os aplausos de ontem eram de seres humanos sensíveis

Por Sandro De Mattia

Eu vi um “meme”, esses de grupos de whatsapp, que dizia em uma frase muitas verdades: “Nossos avós eram convocados à guerra para defender o País, a nós, é pedido apenas para ficar em casa e não conseguimos”.

As pessoas não entenderam ainda que somos transmissores do vírus. Se não tenho nenhum sintoma e me sinto seguro de ir fazer uma corrida, dar uma passeada, arejar um pouco na rua, no primeiro contato com o vírus que pode ser de um espirro de alguém, do carrinho do supermercado que acabei de colocar a mão, da mercadoria que uma pessoa pegou e devolveu a gôndola, de um aperto de mão do meu melhor amigo, enfim, um passo em falso e posso trazer o vírus para dentro da minha casa. O esforço de ficar em casa parece não ter validade para muitas pessoas. Elas são inconsequentes ao ponto de não conseguirem entender a situação de reclusão e frágeis por não terem a capacidade de se autodeterminarem limites.

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Mas confesso para vocês que acredito não ser a maioria. Vejo que o ser humano egoísta está agora no supermercado com três carrinhos lotados de coisas que ele não precisa. Que a pessoa irresponsável está visitando familiares, promovendo dizeres do tipo: Isso ai é besteira, estão exagerando. Mas a sensível não. O ser humano sensível e consciente está em casa, cuidando do seu. Ele entende que agora é necessário o esforço individual para o progresso coletivo. Ele está ensinando seu filho a ser coerente com a situação. Orienta a lavar a mão.

Ah, quão inspirador é o ser humano sensível. Ontem, 20h30, em Criciúma, eram deles os aplausos de agradecimento ao trabalho dos profissionais da medicina que querem, mas não podem, estar em casa. Do policial, que faz a ronda, do bombeiro que está de plantão, do Exército que está de prontidão, do atendente do caixa que encara incrédulo o movimento intenso sem necessidade. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagens, guardas de hospitais, motoristas de ambulância. Os aplausos de ontem, na nossa cidade, foram para vocês.

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Este editorial é um reconhecimento ao ser humano sensível que ontem, ao aplaudir, reconhece a doação, o compromisso social das profissões em ação, mas também um puxão de orelha ao malandro que está indo ao supermercado comprar carne, carvão e cerveja para o churrasco de domingo e ainda vai convidar amigos.

 

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