“É necessário saber ouvir as pessoas”, diz Comandante Moisés, candidato ao governo do estado, PSL
Quem acompanhou o primeiro turno das eleições em Santa Catarina com base nas pesquisas, com certeza se surpreendeu com o resultado. O novato Carlos Moisés da Silva, o Comandante Moisés, que entrou na disputa para governador pelo PSL quase no prazo final, tirou do páreo dois políticos tradicionais – Mauro Mariani (MDB) e Décio Lima (PT) – e conquistou o segundo lugar com 1.071.406 votos, ou 29,72% dos votos válidos A corrida eleitoral agora é com Gelson Merisio (PSD), que chegou na frente no primeiro turno com pouca diferença, alcançando 31,12% dos votos válidos
Jornais ADI/Adjori – As pesquisas internas apontavam que o senhor iria para o segundo turno ou o resultado foi uma surpresa?
Comte. Moisés – As pesquisas internas, e principalmente a percepção que tínhamos nas ruas, nos indicavam que teríamos, sim, uma boa votação. Calculávamos que obtendo 20% dos votos, estaríamos no segundo turno. E imaginávamos que seria com outro candidato – MDB, nós e PSD, nesta ordem. Quando a apuração foi concluída, fizemos 29%, índice muito diferente daquele que o Ibope anunciou três dias antes da eleição. Eles deram 9% de intenção de votos e nem margem de erro aproximaria este valor do que realmente obtivemos. Um resultado de pesquisa inexplicável, até porque sabíamos, pelas pesquisas nacionais, que o 17 seria muito bem votado em Santa Catarina.
ADI/Adjori – Ao que o senhor atribui a ida para o segundo turno, sendo que nas pesquisas aparecia em quarto lugar?
Comte. Moisés – O que eu vejo é que as pesquisas eram falsas. Não se sabe se por metodologia ou intencionalmente. De fato, não houve um crescimento absurdo nos últimos três dias. As urnas só mostraram a realidade que víamos nas ruas. Ainda que superando as nossas próprias expectativas quanto ao percentual.
ADI/Adjori – O que mudou na estratégia da campanha nesta nova etapa das eleições?
Comte. Moisés – Nós temos o mesmo tempo de TV e rádio que o nosso concorrente. Eu tinha sete segundos e agora tenho cinco minutos. É uma vida! Dá para fazer uma novela! (risos) Por isso, a estratégia se volta mais para TV e rádio, já que agora de fato temos como apresentar propostas. Tivemos que nos preparar para mais tempo em estúdio, mas continuamos com as outras estratégias. Já temos mais de 60 mil seguidores e curtidores no Facebook, nossa principal rede social. E isso em um espaço de tempo muito curto. No começo da campanha, eram apenas mil. A nossa página é a que tem mais engajamento dos internautas, com compartilhamentos, curtidas, comentários. Já foi assim no primeiro turno e continua no segundo. Os grupos de WhatsApp também foram e são importantes. São pelo menos 500 orgânicos e muitos outros independentes. Boa parte eram grupos dedicados às campanhas dos nossos candidatos a deputado estadual e federal, e agora estão totalmente dedicados à nossa.
ADI/Adjori – Acredita que esta reta final será um período mais tranquilo, sem tantas fake news?
Comte. Moisés – Para nós, não. O primeiro turno foi tranquilo, talvez porque não fôssemos uma ameaça. Tão logo passamos para o segundo turno, começaram as fake news e também os ataques pessoais. O problema é que as mentiras não atingem somente o candidato, mas corporações, organizações e até outros partidos. Quando na verdade estamos em chapa pura e caminhando para um projeto novo para Santa Catarina.
ADI/Adjori – O senhor fala frequentemente com o presidenciável Bolsonaro? Como fez para que ele tomasse posição em favor de sua candidatura na disputa com Gelson Merisio?
Comte. Moisés – Há que se imaginar o que é uma campanha a presidente da República. Várias pessoas não conseguem mais falar frequentemente com o Comandante Moisés. Nem minha mulher! (risos) Falar com frequência com um candidato a presidente é algo improvável. Mas quando vamos ao Rio de Janeiro ou a Brasília, somos sempre recebidos por ele. Estive com ele em Porto Alegre, na Expointer, e tivemos que encontrar uma pequena sala para poder conversar. Na semana passada estivemos no Rio apresentando o Time do Bolsonaro eleito aqui em Santa Catarina, os seis deputados estaduais e os quatro federais, além do presidente do PSL catarinense, o Lucas Esmeraldino, que fez uma quantidade de votos expressiva para o Senado. E falamos da candidatura ao governo, quando ele declarou a todos os presentes que nos estados em que o PSL tem candidatos ao governo no segundo turno é a estes que ele vai dar seu apoio. O que aconteceu naquele primeiro momento (Bolsonaro disse que não teria candidato em SC) foi uma falta de esclarecimento do quadro daqui. E de fato ele é o projeto maior. O Bolsonaro é a esperança de uma mudança de verdade para o país.
ADI/Adjori – Que propostas deve apresentar agora? Aprofundar as que já mostrou aos eleitores ou novas percepções depois de rodar o estado?
Comte. Moisés – Nosso plano de governo foi aperfeiçoado durante a corrida eleitoral. Nós colocamos linhas gerais do que pensamos para Santa Catarina. Mas, correndo o estado, percebemos outras demandas de comunidades, de setores econômicos, de trabalhadores rurais. São percepções que vêm encorpando o nosso plano de governo. Uma das características necessárias é saber ouvir as pessoas. Governar para o próprio governo ou ter um programa rígido, inflexível, não nos leva a lugar nenhum.
ADI/Adjori – Caso eleito, qual a primeira medida a ser efetivada e que poderá já estar na agenda dos catarinenses?
Comte. Moisés – Sem sombra de dúvidas, a despolitização dos setores públicos, naquilo que compete ao Executivo nomear, e o enxugamento da máquina pública, incluindo o encerramento das regionais. São ações que vão trazer retorno imediato para o contribuinte de Santa Catarina, porque o dinheiro economizado vai se reverter em benefício direto para os cidadãos. Para a ocupação dos cargos, vamos nos basear principalmente em critérios técnicos. Por respeito ao eleitor, não vamos trabalhar nomes ou indicações antes de passarmos nesse vestibular que é a eleição. Se o eleitor entender que o Comandante Moisés e a Daniela Reinehr devem ser o governador e a vice-governadora a partir de janeiro de 2019, só então começaremos a fase de transição e de composição. Não há pressa ou necessidade de se adiantar nomes, principalmente porque, como não temos alianças, não precisamos garantir espaço para ninguém em troca de apoio político no segundo turno. Nosso vínculo é com o eleitor.
ADI/Adjori – O senhor eleito aqui e o Bolsonaro eleito presidente, o que pode vir do modelo de gestão federal para o Estado?
Comte. Moisés – São muitas as coincidências nas propostas, principalmente no que diz respeito às principais tarefas do Estado – Saúde, Educação, Segurança e Infraestrutura, para que o empreendedor possa crescer e gerar emprego e renda. E também segurança jurídica, seja para a atuação do policial, do empreendedor no que diz respeito ao meio ambiente, ao turismo, ao investimento em tecnologia. Há um alinhamento de pensamento do que queremos para o Brasil e para Santa Catarina.
ADI/Adjori – Em que aspectos o Comandante Moisés se assemelha e em que outros aspectos se diferencia do Capitão Jair Bolsonaro?
Comte. Moisés – Até onde eu sei, Jair Bolsonaro passou pela máquina pública, no caso dele no Legislativo, de forma íntegra, ilibada, sem deixar mácula. Nisso eu me assemelho a ele. Tenho uma história de mais de 30 anos como bombeiro militar e sem manchas. Tanto que os adversários buscam nos acusar e o fazem sem a menor fundamentação. Criam fake news, porque não têm como nos atingir. Na questão pessoal, o que nos diferencia é que somos pessoas que se expressam de maneira diferente, apesar do pensamento convergente para projetos e planos de governo. Cada um tem seu estilo, sua forma de apresentar ideias e um temperamento diferente.