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Do Sul de SC ao Festival de Cannes; confira a história do cineasta Nestor Luiz

O diretor de cinema, Nestor Luiz, de Garopaba teve o curta-metragem A Fita Vermelha exibida no Festival de Cannes

Das praias de Garopaba, no Sul catarinense, até o Festival de Cannes na França. A história do diretor Nestor Luiz, de 25 anos, com o cinema começa aos oito anos de idade, quando junto do pai, Luiz Carlos Luiz, começou a assistir filmes e se apaixonar pela sétima arte.

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“A paixão pelo cinema surgiu desde muito cedo. Era algo mágico dividir aqueles momentos em família conectando com uma obra audiovisual. Acho que as coisas começaram a ficar mais intensas quando eu tinha uns 8 anos. Meu pai foi um grande cinéfilo e a nossa maior conexão era o momento que sentávamos no sofá para ver filmes. Ele, também, passou a me ensinar a forma que via aquelas histórias. Lembro de ter muita cobrança: eu realmente tinha que entender a mensagem que estava sendo passada! Cresci acreditando que saber sobre cinema também era um critério para se tornar adulto”, lembra o cineasta.

Durante o ensino médio veio a grande decisão: administrar as empresas da família ou acreditar no sonho de se tornar cineasta. O cinema venceu e ali se iniciava a caminhada de Nestor nas telas.  “No ensino médio tive que fazer uma escolha: seguir um caminho mais comum, gerenciar as empresas que meu pai deixou, ou acreditar que meu sonho de contar aquelas histórias é possível. Quero um dia poder ouvir que um pai ensinou seu filho sobre cinema através de um filme que eu tenha dirigido. E eles carregarão para sempre esse momento, assim como eu”, destaca.

Foi participando de produções publicitárias que Nestor deu o pontapé na carreira. “Fiz alguns anos de som. Tive a oportunidade de me envolver em diversas publicidades, como por exemplo a do Figueirense, Colégio Catarinense, video-aulas. Nesse período, o Claudiomar Vill foi um grande professor, me dando oportunidade de trabalhar em sua produtora Komodo. Naquela época, meu maior contato com cinema era através da Aktoro, Escola de Formação de Atores, onde o Gringo Starr enfatizava a busca do grande sonho”, relembra o cinestar.

Em 2018, porém, era hora de começar a se preparar para o grande sonho de ser diretor de cinema. Por isso, Nestor foi para São Paulo, cursar na LA Filmes. No local pôde acompanhar de perto grandes produções e experimentar um cinema de grande porte.

“Voltei para Santa Catarina no mesmo ano e, desde então, venho dirigindo curtas, clipes de música, fashion filmes e publicidades. Tivemos grandes momentos como clipes tendo mais de um milhão de visualizações, posso contar com grandes parceiros, o maior deles é meu sócio de sonhos Romullo Beltrame, amigo que desde começo segue comigo essa jornada. E, agora, reconhecimento internacional pelo Festival de Cannes”, ressalta Nestor.

Toda essa experiência adquirida, seria importante no papel de diretor. “Trabalho há alguns anos na área da publicidade. Infelizmente é muito difícil conquistar um espaço no audiovisual no Brasil. Desde o começo sempre carreguei a mentalidade que me foi ensinada – para ser um bom líder, você deve entender de todas as áreas que lidera”, reflete Nestor.

Em 48h um filme, um prêmio e Cannes

Quem lê o título não imagina como foi possível que Nestor tivesse um filme exibido em um dos maiores festivais de cinema do mundo. Porém foi em 48h que a vida desse cineasta mudou. Esse foi o tempo que ele e uma equipe de cerca de 18 pessoas tiveram para gravar um curta-metragem em dezembro do ano passado. Esse é o desafio do renomado prêmio 48h Ibero Challenge 2021.

“Foi com certeza um dos maiores desafios da minha vida. O Festival sorteia gênero do filme, objeto de cena, personagem e frase de diálogo justamente para garantir que tudo seja feito em 48 horas. Foi um grande desafio montar a equipe que pudesse dar conta do recado. Pude contar com um grande roteirista de São Paulo, Nick Farewell que fez um roteiro em tempo recorde. O elenco principal, Gabriela Magnani e Talita Coling, também foram peças-chave para o sucesso do filme, justamente pela dificuldade de entrar em um personagem sem tempo de imersão”, explica o diretor.

Nestor Luiz se apaixonou por cinema durante a infância assistindo filmes com o pai Luiz Carlos Luiz – Foto: Arquivo Pessoal

Foram 48 horas intensas e de muito trabalho até a finalização do curta-metragem A Fita Vermelha. “Era tudo muito intenso, precisava que o produtor Matheus Azor e a assistente de direção Jordana Beck criassem um set que houvesse alguma ordem considerado todo o caos, discutir com o diretor de foto Pedro Meditsch a foto sem poder visitar locação, sonhar uma trilha e achar uma forma de explicar como ela tocava na minha cabeça para o compositor Lucas Sandoval. Tudo isso sempre com o tempo contado. A gente entregou o filme faltando pouco tempo, justamente pela ambição que havia nele. Tenho certeza que se pelo menos um integrante tivesse faltado nada disso seria possível”, afirma Nestor.

Clique aqui e assiste o curta-metragem: A Fita Vermelha. 

Do filme a conquista da premiação

Gravado em Florianópolis, Fita Vermelha foi o grande vencedor do 48h Ibero Challenge 2021 que contou com a participação de 34 curtas. Além da categoria de Melhor Filme, o curta catarinense venceu nas categorias Melhor Produção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Elenco, Melhores Fantasias, Melhor Personagem Coadjuvante com Talita Borges e Melhor Direção, com Nestor.

“Foi muito gratificante ter uma vitória como essa em um festival tão incrível. O 48 horas é um projeto que desafia muito o cineasta a mostrar seu talento de forma bruta. O tempo para fazer o filme equilibra muito a disputa, pois muitas vezes o dinheiro é fator dominante em uma produção, mas simplesmente não dava pra consertar erro algum pagando pra resolver. Fora o prêmio de melhor filme, dentre outros, foi um grande privilégio ganhar o prêmio de melhor diretor no meio de filmes incríveis e pessoas tão talentosas espalhadas por toda América”, conta o diretor.

Fotografia da equipe de A Fita Vermelha faz referência a famosa foto de Quentin Tarantino – Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Do prêmio veio a oportunidade de participar de um dos maiores eventos do cinema mundial: o Festival de Cannes, na França. Ocorrido em maio, o Festival reúne os maiores produtores, diretores e atores do cinema mundial.

O grande momento na vida de Nestor teve direito a bandeira de Garopaba, foto no tapete vermelho e até uma fotografia fazendo referência ao renomado diretor e cineasta Quentin Tarantino, em uma das primeiras participações dele no festival.

“Com certeza, o momento mais importante da minha vida. Toda a experiência parecia um grande sonho, ter tamanho reconhecimento em outro país, estar no meio daquelas 16 equipes com talento inquestionável. O Festival de Cannes recebeu a gente de uma forma que eu diria até carinhosa. Eu sentia a preocupação que a produção tinha do nosso trabalho ser reconhecido. Criei pontes, oportunidades que eu imaginava que só chegaria perto daqui 15 anos. Nunca me senti tão completo e tão reconhecido pelo trabalho no qual dedico minha vida”, finaliza Nestor.

Clique aqui e assiste o curta-metragem: A Fita Vermelha. 

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