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Dia do Médico: na UTI do Hospital São José, vivências reforçam o amor e a certeza da escolha da profissão

O dia nem sempre tem hora para começar ou terminar para a médica intensivista do Hospital São José de Criciúma, Marina Casagrande do Canto. Formada em 2011 e desde 2016 atuando na instituição de saúde, já superou grandes desafios, noites mal dormidas, plantões exaustivos, mas nada comparado aos vivenciados este ano com a pandemia do coronavírus. Este foi e está sendo um período difícil, que reforçou a certeza pela escolha correta da profissão, mas também um período que garantiu muito aprendizado e compreensão da vida.

A vivência na UTI, não só do HSJosé, como de todos os hospitais do Brasil e do mundo, foi modificada em 2020 devido a Covid-19. “Passamos por meses desafiadores, mas fomos nos adaptando com o passar dos dias. Tudo foi muito difícil, trabalhamos com o medo e a preocupação não só pela vida dos nossos pacientes, como também pela dos nossos colegas de trabalho e principalmente a da nossa família. Ao mesmo tempo, foi um momento de grande crescimento pessoal e profissional. Cresci muito como médica, aprendi a lidar ainda mais com as diversidades e aumentar o cuidado, comigo e com os outros”, explica a médica.

De acordo com a especialista, a pandemia mostrou que o médico, assim como os demais profissionais que estão na linha de frente no combate ao coronavírus, são ainda mais fortes do que podem imaginar. “Percebemos que temos mais coragem, mais força e mais garra para enfrentar qualquer problema e adversidade. Hoje, mesmo com tudo o que todos nós passamos, tenho ainda mais certeza que escolhi a profissão certa”, garante a médica.

Vivências compartilhadas por todos

O mesmo sentimento é compartilhado pelo médico intensivista do HSJosé, Marcelo Brum Vinhas. Formado em 2010 e atuando desde 2014 na instituição de Criciúma, quando iniciou a residência, o profissional avalia 2020 como um ano atípico, muito diferente dos já vivenciados, especialmente para as equipes da UTI. “No HSJosé, por exemplo, nós costumávamos ter uma UTI de 40 leitos e, ao longo dos meses deste ano, quase duplicamos essa capacidade, considerando os leitos dedicados à Covid e às demais doenças. Além desta carga de trabalho, veio junto uma doença nova e os desafios para o tratamento dela. Estudamos mais do que já é o costumeiro para aprender mais sobre a Covid e conseguir tratar os pacientes de uma forma melhor”, explica o intensivista.

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Segundo o profissional, até mesmo as relações pessoais foram modificadas. “Tudo foi muito diferente, as informações às famílias eram dadas pelo telefone. Perdemos o contato com o familiar que tínhamos dentro da UTI. Antes eram três visitas e elas simplesmente deixaram de existir presencialmente. Precisamos passar as informações por telefone, repassar os óbitos de famílias que não conhecíamos. Não tínhamos mais o contato visual tão importante, somente a fala. Foram situações muito complicadas, mas uma grande forma de aprendizado”, garante. “Aprendemos muito com a pandemia, tanto no que diz respeito à medicina, a terapia intensiva, as coisas técnicas que precisamos saber, mas aprendemos muito sobre a importância do contato familiar. E, infelizmente, aprendemos a lidar com a morte de uma forma muito mais aguda. Tivemos muitos óbitos, em um curto espaço de tempo, em pacientes que não se esperava, pacientes jovens, inclusive. Foi um ano de muito aprendizado, muito trabalho, mas que mesmo com todos os problemas, foi o ano que me fez ter certeza que escolhi a profissão certa e que é isso que quero fazer para o resto da minha vida”, complementa.

Para os profissionais, um ano de grandes desafios

De acordo com o médico intensivista e coordenador do Serviço de Terapia Intensiva do HSJosé, Felipe Dal Pizzol, a medicina, assim como qualquer profissão da saúde, tem papel direto no bem-estar das pessoas. “A expectativa da população no papel do médico é bastante grande, às vezes até não compreendem as limitações que a medicina impõe. Este é um grande desafio. Mas, mesmo com as limitações que temos, empregamos o máximo para ajudar o paciente e é isto que esperamos do médico, seu máximo e melhor no cuidado do paciente e seus familiares”, explica.

Todos esses desafios ganharam uma proporção ainda maior este ano, com a presença do coronavírus. “A pandemia trouxe desafios imensos, quer seja pela necessidade de duplicação de nossa capacidade de atendimento, quer seja pela dificuldade inicial de manejar um paciente com algumas peculiaridades que ainda não compreendíamos totalmente. Houve também o medo de contaminação nossa e de nossos familiares, a necessidade de lidar com o isolamento do paciente e de seus familiares que traz consigo uma carga de estresse nunca antes vivido por nós, nem por eles. Agora ainda vivemos de incertezas, especialmente a incerteza das sequelas que esses pacientes irão apresentar e como lidar com elas”, comenta coordenador.

Sobre o Dia do Médico:

A escolha do dia 18 de outubro para homenagear os médicos no Brasil tem origem cristã. Nessa data, a Igreja Católica comemora o Dia de São Lucas, um santo que em vida foi médico e, por isso, é considerado o protetor dos médicos pelos católicos.

O estabelecimento do Dia do Médico no Brasil é atribuído a Eurico Branco Ribeiro, um conhecido médico paranaense. Entretanto, não existem informações exatas sobre quando a data foi estabelecida no país.

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