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Dia Contra o Racismo: ‘Não podemos nos calar’, afirma pai após caso em Criciúma

Nesta segunda-feira, dia 21, é celebrado o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial data instituída pela ONU

No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, celebrado nesta segunda-feira, dia 21, o Sul catarinense debate o assunto após um caso registrado no final de semana em Criciúma. Uma menina de apenas sete anos sofreu um ataque após a mãe dela postar um vídeo em que ela esta vestida de Bela nas redes sociais.  “Desculpa aí, mas vi uma macaca se coçando”, escreveu uma mulher, após ver a cena.

Segundo o pai da menina, Fabricio Silvério, o comentário foi apagado logo em seguida, mas a esposa conseguiu fazer uma foto da tela antes que a mulher apagasse. “Não podemos nos calar, com essa situação que está acontecendo. Não vou sussegar enquanto essa mulher não pagar pelo que ela fez com minha filha. Me admiro pessoas que relevam essas coisas. É inadmissível”, desabafou em vídeo nas redes sociais Fabrício.

A família registrou um Boletim de Ocorrência no sábado e nesta segunda-feira, dia 21, vai prestar depoimento na Delegacia de Polícia Civil para iniciar o processo de investigação. A mulher que fez os comentários tentou se explicar e apagou as redes sociais.

“Racismo tá na cara, muitas pessoas estão levando, estão sendo xingadas, sendo ofendidas e muitas pessoas se expressam com o silêncio. Gente vamos parar com isso, vamos nos posicionar, vamos ir a luta! Racismo não, racismos é crime. Vamos pegar essa causa que é em prol de muitas pessoas que estão caladas sofrendo. Queria agradecer a todos que estão nos apoiando”, comenta Fabrício.

Entidades fazem reflexão sobre o racismo

O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial foi instituído no dia 21 de março pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data é uma referência ao dia 21 de março de 1960 quando no auge do apartheid na África do Sul, a polícia abriu fogo sobre um grupo de 20 mil manifestantes negros, matando 69 e ferindo mais de 200.O episódio é conhecido como o Massacre de Sharpeville.

O Coletivo Chega de Racismo, de Criciúma, se posionou sobre o caso nas redes sociais. “Lamentável mais um caso de racismo na região Sul de SC”, afirmou um comunicado do coletivo. “Somente juntos vamos conseguir combater o racismo. A sociedade precisa se posicionar”, destacou o coletivo nesta segunda-feira, dia 21.

Mensagem do papa

Na manhã desta segunda-feira, dia 21, o papa Francisco deixou uma mensagem em referência a luta contra o racismo.

“Vivemos em tempos em que sentimentos que pareciam ultrapassados para muitos parecem estar revivendo e se espalhando. Sentimentos de suspeita, medo, desprezo e até mesmo ódio para com indivíduos ou grupos considerados diferentes por causa de sua afiliação étnica, nacional ou religiosa e, como tal, considerados não dignos o suficiente para participar plenamente da vida da sociedade”, destacou o papa. “A gravidade destes fenômenos não pode nos deixar indiferentes. Todos somos chamados, em nossas respectivas funções, a cultivar e promover o respeito à dignidade intrínseca de cada pessoa humana”, completou.

Senador propõe revisão da lei de cotas

Nesta dia Dia Internacional de Luta Contra da Discriminação Racial, o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, é autor de uma proposta para a revisão da Lei de Cotas de 2012. Para ele, a lei foi uma uma extraordinária conquista. A prática, completa ele, tem revelado que a lei está sendo decisiva para a inclusão de pessoas que antes não tinham o acesso devido às universidades, mudando o perfil demográfico da população acadêmica brasileira.

“O Censo do Ensino Superior registra que, em 1997, apenas 1,8% dos jovens pretos e pardos frequentavam algum curso no país. O IBGE apurou que, entre 2010 e 2019, o período em que temos as cotas implantadas no Brasil, o número de universitários pretos e pardos cresceu 400%, correspondendo hoje ao total de 38,15% de matrículas nas universidades públicas”, ressalta.

A proposta defendido por ele é que a avaliação sobre a Lei de Cotas deva acontecer a cada dez anos e se a proporção de pretos, pardos e indígenas dentro da universidade for inferior à do estado onde ela está instalada, a política de cotas é mantida até a próxima avaliação. Caso a proporção esteja de acordo com a representatividade do estado, a política pode ser suspensa depois de cinco anos.

“Renovar as cotas, que completam dez anos em agosto, é uma questão de justiça social. Nós estamos nos aproximando do bicentenário da nação, que foi o último país das Américas a abolir a escravidão. Os seus reflexos são sentidos e vivenciados pela população até os dias de hoje. Reverenciar e garantir a Lei de Cotas, contando os seus frutos é propiciar o desenvolvimento de toda a sociedade brasileira, é avançar”, comenta o senador.

A Lei de Cotas, instituída em 2012 reserva no mínimo 50% das vagas de universidades e instituições de ensino técnico públicas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas, para pessoas com deficiência e para os que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas. A proporção deve ser no mínimo igual à presença desses grupos na população total da unidade da Federação onde fica a instituição.

*Com informações de Vaticano e Agência Senado.

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