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Conheça o criador da frase “gentileza gera gentileza” 

Na sexta-feira, 13 de novembro, comemorou-se o Dia Mundial da Gentileza. A data foi criada em 1996, durante uma conferência em Tóquio que reuniu diversos grupos que espalhavam o conceito pelo mundo – como religiosos, ativistas, líderes políticos e estudantes. Quatro anos depois, foi fundado o Movimento Mundial pela Gentileza, cujo principal objetivo é inspirar as pessoas a serem mais gentis, empáticas e sensíveis aos problemas e necessidades do próximo.

Um ato de gentileza desarma até o mais insensível dos indivíduos e é um remédio eficaz contra a indiferença e a falta de compaixão. Atitudes como um abraço, um sorriso ou uma palavra positiva são capazes de mudar o dia de alguém.

Hoje, tratada como uma ciência, a Gentileza torna as pessoas mais felizes e produtivas, além de satisfeitas com a própria vida. Resumindo, não tem coisa melhor do que ser gentil! Foi também em 1996 que o profeta Gentileza faleceu, deixando como legado para os milhões de brasileiros que se encantaram com sua história um princípio que ele seguia: Gentileza gera gentileza.

Segundo o dicionário Aurélio, gentileza significa: qualidade de gentil, graça, elegância, galantaria, donaire, formosura, ação nobre ou distinta, amabilidade, favores. 

Bom, eu nem preciso dizer o quanto o mundo está precisando, e muito, de todas essas definições. Claro que você já ouviu essa frase, ou até mesmo já usou, e hoje eu vou te contar mais sobre como surgiu a frase “Gentileza gera gentileza“. E a história é tão legal, que decidi compartilhar com você. 

José Datrino, mais conhecido como profeta Gentileza, nasceu e morreu em São Paulo e foi uma personalidade urbana carioca, espécie de pregador, que tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um viaduto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. “Gentileza gera gentileza” era sua frase mais conhecida.

Nascido em uma família de 11 irmãos, no interior de Cafelândia, São Paulo, desde menino Datrino se destacava por seu comportamento atípico para a idade (13 anos): fazia questão de espalhar na escola e aos amigos que “tinha uma missão na Terra”. Ele teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino, tinha um comportamento que causava preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais.

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Em 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano” que foi chamado de tragédia do Gran Circus Norte-Americano e considerado uma das maiores fatalidades em todo o mundo circense. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido “vozes astrais”, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual.

O profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio onde hoje encontra-se a Policlínica Militar de Niterói. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido”, ou “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.

Após uma rápida passagem por Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, Gentileza voltou ao Rio, nos anos de 1980, para dar início ao seu legado: em 56 pilastras do viaduto da Avenida Brasil, que vai do Cemitério do Caju até o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, numa extensão de aproximadamente 1,5 km, Gentileza preencheu muros e pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

 

Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra. Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu em Mirandópolis, cidade de seus familiares, onde foi sepultado.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A eliminação das inscrições foi criticada e posteriormente com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Elas começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999 e em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

Para uns textos proféticos, para outros, poesia, as mensagens em tons de azul, verde e amarelo nunca passaram despercebidas. Foram cantadas por músicos como Gonzaguinha e Marisa Monte, citadas em filmes, novelas e trabalhos acadêmicos.

 

Interessante, né?! A ação de um único homem mobiliza até hoje o dia 13 de novembro, Dia Mundial da Gentileza. Que tal nos inspirarmos em ações como essa para construirmos um mundo melhor para se viver?

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