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Confira a repercussão do desfile de blindados da Marinha em frente a Esplanada dos Ministérios

Veículos militares blindados desfilaram nesta terça-feira, 10, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para participar de um exercício militar na semana que vem na cidade de Formosa, no estado de Goiás. A exibição militar ocorre no mesmo dia em que está prevista a votação da PEC do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados.

O comboio de cerca de 150 veículos faz parte da Operação Formosa, treinamento militar promovido pela Marinha, que tradicionalmente não conta com a participação do Exército e da Força Aérea. Parlamentares acusam a execução do exercício, com passagens ostensiva de blindados pela Esplanada, de tentativa de intimidação.

Bolsonaro recebeu o convite ao lado dos comandantes do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, da Marinha, Almir Garnier Santos; do chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno; do chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, Laerte de Souza Santos; e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto.

Outros ministros acompanharam o ato, como Ciro Nogueira (Casa Civil); Milton Ribeiro (Educação) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência). O desfile gerou reações na abertura da sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que o desfile é uma “tentativa de intimidar parlamentares e opositores” do governo.

“O presidente cria uma encenação para mostrar que tem o controle das Forças Armadas. É um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado. O papel das Forças Armadas é defender a democracia e não ameaçá-la”, reforçou. A fala foi endossada pelo vice-presidente da comissão Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e por outros senadores de oposição.

Manifestantes contrários ao desfile de tanques no Palácio do Planalto lançaram fumaça em direção aos blindados. Um homem foi preso por resistência e desacato durante o evento, ele teria se colocado em frente a um dos veículos e desobedecido ordem de liberar a via.

Grupos com cartazes e blusas contra a ditadura militar e apoiadores do presidente Bolsonaro também estiveram presentes no local.

Nota assinada por nove partidos repudiou o evento militar ocorrido nesta manhã. “Em meio às sucessivas declarações golpistas de Bolsonaro, e da votação do projeto do ‘voto impresso’ nesta mesma terça-feira, com previsão de derrota, o desfile é uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional”, lê-se no documento assinado pelo PSB, PCdoB, PDT, PT, Rede, PSOL, PSTU, Solidariedade e UP.

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E segue: “Estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público”.

Os partidos destacam ainda que no momento de pandemia, no qual o Brasil aproxima-se da marca de 570 mil mortes por Covid-19, “não tem sentido expor pessoas, inclusive os militares, promover aglomeração e gastar recursos públicos com tal atividade”.

Em nota divulgada esta semana, a Marinha informou que o desfile foi planejado antes da agenda de votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso pela Câmara e “não possui relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes”.

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