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Com deficiência visual, içarense descobriu no jiu-jitsu mais motivação para viver

Além dos benefícios físicos, praticar esportes também proporciona motivação e até quem não é atleta, supera barreiras físicas e emocionais por meio dele. Foi com essa perspectiva, que o içarense Dione Luiz da Silva, de 34 anos, começou a frequentar as aulas no Centro de Artes e Esportes Unificados (Ceu) de Vila Nova, em Içara.

O jovem de 34 anos se tornou deficiente visual após um acidente, aos 21 anos. Antes do ocorrido, ele já se destacava em campeonatos de futebol na comunidade onde reside desde os primeiros anos de vida. Depois da ocasião, Dione teve a visão prejudicada, e passou por cirurgias, troca de lentes, muitas idas e vindas até que um glaucoma acabou o deixando completamente cego.

“Por conta da deficiência, acabei sendo desligado do emprego, tive momentos muitos difíceis, pois muitos amigos se afastaram. Felizmente, com o apoio da minha esposa e filhos, eu retomei a vida. Passei a ajudar com as tarefas de casa e hoje encontro no esporte ainda mais motivação para encarar os desafios”, destaca o içarense.

Foi o filho de 12 anos quem descobriu as oficinas da modalidade. “Ele chegou em casa contando que havia visto a oferta das aulas gratuitas de jiu-jitsu. Eu o incentivei a entrar, porém, não achei que pudessem me acolher. Mas, de qualquer forma buscamos mais informações”, lembra.  Chegando ao Ceu, pai e filho foram convidados para participarem das aulas, recebendo todas as informações necessárias.

Na trajetória de 23 anos, esta foi a primeira experiência do professor de jiu-jitsu e judô Sidney Santos, que até então, só havia ministrado aulas à pessoas com deficiência motora. Ele recorda que desde o início Dione participou integralmente de todas as atividades. “Os treinamentos sempre foram de igual para igual. O uso do tato nas táticas foi essencial para que ele se desenvolvesse rápido. Para nós é uma alegria imensa poder dividir essa experiência. Ele nos ensina todos os dias e mostra a importância da inclusão nos esportes”, destaca o professor.

Treinando há quase um ano, o lutador já participou de vários campeonatos, competindo com concorrentes que não possuem deficiência visual. “Em muitos deles cheguei ao pódio. Mas o mais importante é poder mostrar a minha superação e ter a oportunidade de competir, somando resultados positivos a cada dia”, pontua.

Além do jiu-jitsu, atualmente ele treina duas vezes por semana com auxílio de um guia para também concorrer em provas de atletismo. “Para nós é muito gratificante poder oportunizar esse apoio. Nossa missão é ser a ponte entre o esforço do Dione e os resultados incríveis que ele pode alcançar, e é claro, orientando sobre todos os seus direitos como deficiente visual”, acrescenta a coordenadora de esportes Solange Lima.  Os treinos de atletismo são acompanhados pelo professor Alex de Souza Behenck.

Inclusão na prática

Além de Dione, a Fundação Municipal de Cultura e Esportes também oferece oficinas de teclado e karatê à jovens com síndrome de down, deficiência motora e deficiência intelectual. “Nós precisamos oferecer mais que oportunidades. Não podemos ver as deficiências como limitações e sim como combustíveis para que todos melhorem e também auxiliem neste processo incrível de inclusão e acolhimento”, ressalta a presidente do órgão, Maria Tereza Chagas.

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