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Com a declaração de que “toda mulher gosta de sofrer assédio”, deputado Jessé gera polêmica no movimento feminista catarinense

O deputado estadual Jessé Lopes (PSL) está no centro das atenções depois das últimas declarações feitas em sua rede social contra o movimento do Coletivo Feminista catarinense que lançou a campanha “Não é Não” contra os assédios sofridos por mulheres no Carnaval de Santa Catarina. A ideia do movimento é distribuir tatuagens para as mulheres que frequentarem a festa popular para buscar consciência da população contra o assédio.

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Mas, para o deputado de Criciúma, “toda mulher gosta de sofrer assédio”. Em postagem em seu Facebook, Lopes afirma que todos gostam de ser assediados, sejam homens ou mulheres. “Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”, completa na nota.

Depois que a repercussão das suas declarações tomou proporções nacionais, Lopes em uma nova nota publicada nesta segunda-feira, 13, rechaça: “O movimento feminista conseguiu a proeza de transformar coisas mais naturais e saudáveis das relações humanas em problemas. Namoro, paquera, cantadas. Tudo isso virou assédio. Para as feministas, a menina se arrumar para sair, com borboletas na barriga para ver o rapaz que lhe causa suspiros, está, em verdade, preparando-se para ser assediada. E o rapaz então que tomar a iniciativa é estupro”.

Movimento busca a conscientização contra o assédio

Para a presidente da Comissão de Direitos da Mulher da OAB/Criciúma, a advogada Luciana Borsatto Schmitz, o deputado empregou o termo assédio de forma equivocada. “Foi um comentário extremamente infeliz e que vai de encontro a toda nossa luta como Comissão da Mulher Advogada no enfrentamento à violência contra a mulher. O assédio seja ele de qualquer forma nunca pode ser admitido ou incentivado, muito pelo contrário, necessita ser combatido diariamente, através de campanhas, movimentos, e claro, por lei. Não podemos fomentar esse tipo de pauta do costume machista. Precisamos sim apoiar todo movimento contrário a violência”, destaca a presidente.

A também advogada e feminista de Criciúma, Geovana Gambalonga, afirma que não fica mais impressionada com esse tipo de comportamento. “Já ouvi tanta coisa nesses anos de feminismo”, desabafa. Ela diz que crítica de Lopes busca desvirtuar o movimento .”Com a crítica ele tenta desvirtuar o movimento do Não é Não. Assédio é uma situação bem pontual que ultrapassa a barreira no não, do não consentimento. Ele tenta ressignificar o termo assediar, cujo significado é muito claro. Em geral, os partidários contra o movimento feminista leem o não assédio como barreira para a paquera. Mais absurdo é que ele cita o direito da mulher se assediada. Ele também cita que o assédio não se combate com tatuagens. Discordo! Essas tatuagens e toda a movimentação em torno dessa ação leva a conscientização. E uma das principais armas na luta contra o machismo e toda a estrutura de opressão que ele cria é a educação. Além disso, temos os dados da violência de gênero, violência doméstica no Estado que mostram como ações como essas são necessárias”, conclui.

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