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Célio Bolan: Sustentabilidade virou ouro na eleição de Criciúma

Tenho observado que o termo sustentabilidade tem sido citado por muitos candidatos a vereador e a prefeito nas eleições de 2020. Citar é muito simplório, mas entender e formular idéias para caracterizar projetos não vi ainda.

Ouço assim: sou candidato e vou lutar por educação, saúde, segurança e sustentabilidade. Palavras repetidas como um chavão pronto. Será que sabem o significado amplo de sustentabilidade em aplicação para uma cidade se tornar sustentável? É um conceito que prevê uma série de diretrizes para melhorar a gestão de uma zona urbana e prepará-la para as gerações futuras.

Para ser sustentável, a administração da cidade deve considerar três pilares: responsabilidade ambiental, economia sustentável e vitalidade cultural. É assim que eles enxergam ou querem apenas mirar o meio ambiente?

Palavra sustentabilidade deriva do latim sustentare, que significa sustentar, defender, apoiar, conservar e/ou cuidar. O conceito de sustentabilidade vigente teve origem em Estocolmo, na Suécia, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Unche), que aconteceu entre os dias 5 e 16 de junho de 1972.

A Conferência de Estocolmo, a primeira conferência sobre meio ambiente realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), chamou atenção internacional principalmente para as questões relacionadas à degradação ambiental e à poluição. Depois veio o Eco-92 deu origem a Agenda 21 onde o olhar foi estimular a criação de uma nova organização econômica e civilizatória. A partir de então, o termo “sustentabilidade”, foi incorporado no meio político, empresarial e nos meios de comunicação de massa de organizações da sociedade civil.

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Entretanto, os que utilizam o termo “sustentabilidade” não parecem entender as causas da insustentabilidade. Isso porque o desenvolvimento dos países continua a ser medido por meio do crescimento perpétuo da produção, que se dá por meio da exploração dos recursos naturais.

Em contraste com esse paradigma surgiu a proposta do decrescimento econômico. Ao lado desse debate, outras visões competem para se posicionar de acordo com a sustentabilidade. Como exemplo disso temos as economias solidária, circular, criativa e regenerativa.

Como a maior parte da população mundial vive em zonas urbanas, as cidades se tornaram o epicentro de problemas como a poluição e o desperdício de recursos naturais. Por esta razão, são os centros urbanos que devem se reinventar a fim de que o futuro das próximas gerações esteja garantido e seja melhor do que o mundo em que vivemos hoje. Uma cidade para ser aprovada como sustentável deve ter os requisitos abaixo:

  • Destinar corretamente e reaproveitar resíduos sólidos;
  • Oferecer água de qualidade sem esgotar mananciais;
  • Reaproveitar a água da chuva;
  • Criar e utilizar de fontes de energia renováveis;
  • Ofertar transporte alternativo e de qualidade para a população;
  • Garantir opções de cultura e lazer.

Sobre a Coleta de Lixo as cores nos ajudam a memorizar o lugar certo para cada tipo de lixo Para acabar com um dos maiores problemas das cidades, o lixo, a melhor solução é a reciclagem. Assim, fica mais fácil reaproveitar o material que já não se usa mais. Por sua parte, os governos devem criar leis que incentivem a coleta seletiva e acabar com os aterros sanitários.

Sobre a água uma cidade sustentável aproveita ao máximo as águas pluviais e a destina para a limpeza urbana e a indústria. Para captar a água da chuva, as edificações podem instalar calhas que viabilizem a recolha da água e a instituição de “telhados verdes”. Estes são jardins planejados que são cultivados nos tetos dos edifícios e casas que ajudam a absorver o líquido. Assim, o telhado verde é um jardim que refresca a zona urbana, absorve os gases poluentes e ainda embeleza o ambiente tornando-o menos hostil. Tenho visto pouco disto por aqui.

No Transporte Público, a mobilidade urbana prevê a oferta eficiente e que também seja movido por energia não poluente. Da mesma forma, uma cidade sustentável cria meios que permitam a movimentação de veículos de propulsão humana como bicicletas e patinetes. Aos cidadãos cabe trocar o automóvel pela bicicleta e criar o sistema de carona. De igual maneira, os governos precisam construir ciclovias, conscientizar os motoristas sobre a importância dos ciclistas.

Na educação e Lazer, uma cidade sustentável preza pela qualidade de vida dos seus habitantes. Para isso, é essencial que estes sejam escolarizados e que a oferta de lazer tenha qualidade e variedade. Por isso, é importante aumentar a área verde da cidade através da construção de parques e praças, promover políticas de incentivos culturais e valorizar os fazedores de arte e cultura levando seu trabalho a população de forma ampla, diversa e descentralizada.

Segundo um estudo realizado pela consultora holandesa Arcadis, estas são as principais cidades do mundo que mais cumprem quesitos para serem consideradas cidades sustentáveis:

  • Zurique, Suíça
  • Cingapura – uniu a preservação ambiental com a modernidade.
  • Estocolmo, Suécia – a cidade mais inovadora do mundo.
  • Viena, Áustria
  • Londres, Inglaterra
  • Frankfurt, Alemanha
  • Seul, Coreia do Sul

E no Brasil, o município de Curitiba, capital do Paraná é o exemplo que mais se aproxima do conceito de cidade sustentável. O plano diretor de Curitiba, que faz dela hoje uma cidade sustentável, começou a ser aplicado em 1970. Focado no transporte, gestão de resíduos e qualidade de vida, a cidade transformou seu design urbano para torná-lo adequado ao crescimento populacional.

Veja a lista de cidades sustentáveis no Brasil: Curitiba/PR, Londrina/PR, João Pessoa/PB, Paragominas/MG, Santana do Parnaíba/SP e Extrema/MG.

Como sou membro do Green Building Council Brasil que tem o objetivo de construir um futuro sustentável, a partir de então, o termo “sustentabilidade”, foi incorporado no meio político, empresarial e nos meios de comunicação de massa de organizações da sociedade civil. Entretanto, os que utilizam o termo “sustentabilidade” não parecem entender as causas da insustentabilidade. Isso porque o desenvolvimento dos países continua a ser medido por meio do crescimento perpétuo da produção, que se dá por meio da exploração dos recursos naturais. Em contraste com esse paradigma surgiu a proposta do decrescimento econômico. Ao lado desse debate, outras visões competem para se posicionar de acordo com a sustentabilidade. Como exemplo disso temos as economias solidária, circular, criativa e regenerativa.

A preocupação com a sustentabilidade, ou melhor dizendo, o uso consciente dos recursos naturais, novas alternativas e ações em relação ao planeta e as implicações para o bem-estar coletivo estão em evidência como nunca. O tempo distante, em que sofreríamos as desvantagens do uso irracional dos recursos naturais, já é algo concreto e não mais enredo de livros de ficção científica. Agora, a questão está presente em nosso cotidiano, nas escolas, organizações, empresas e nas ruas de nossas cidades.

Toda a inovação ocorrida nesse período gerou a necessidade de extração de recursos como petróleo e cobre de maneira sistemática e em grande quantidade. Essa guinada tecnológica foi responsável por melhorias e crescimento econômico, mas também grandes problemas decorreram da falta de noção da responsabilidade acerca da necessidade de um crescimento ecologicamente viável e socialmente equânime.

Nas décadas de 1960 e 1970, iniciam-se as grandes reflexões sobre os danos causados ao meio ambiente, gerando os primeiros esforços de uma consciência ecológica. Gradualmente, o tema deixa de ser uma esquisitice de grupos específicos e se torna desafio global.

Nessa mesma época, tem-se a primeira aparição do conceito de desenvolvimento sustentável, seguida pela ECO 92 e suas 21 proposições. Esses acontecimentos proporcionaram o avanço da discussão sobre a questão ambiental em diversas esferas da sociedade.

Os problemas a serem combatidos estão tanto nas atitudes empresariais e governamentais quanto nas nossas escolhas do cotidiano. A sustentabilidade é um conceito de desenvolvimento sustentável e propõe um novo modo de vida. É uma nova maneira de configurar a vida humana, buscando que as sociedades possam satisfazer as necessidades e expressar seu potencial.

Como mostra o pensador Henrique Rattner, o conceito de sustentabilidade “não se resume apenas explicar a realidade, exige o teste de coerência lógica em aplicações práticas, onde o discurso é transformado em realidade objetiva”.

A transição para esse novo modelo sustentável não acontecerá abruptamente. Mas não é preciso pessimismo: O funcionamento da sociedade de consumo pode deixar de ser predatório e inconsequente para investir em soluções baseadas na inovação, como a tendência ao uso do ecodesign, por exemplo. No entanto, vale ressaltar que a mudança de comportamento é a principal forma de contribuir com a sustentabilidade.                 

                                                                        Célio Bolan – Estratégias além do óbvio

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