Assassino da escola de Saudades era problemático, ‘quietão’ e maltratava animais
Delegado responsável pelo caso traçou perfil do criminoso responsável por tirar a vida de cinco pessoas, entre elas três crianças
O delegado Jerônimo Marçal, responsável pela investigação do ataque a escola em Saudades, no Oeste Catarinense, traçou o perfil do assassino responsável por tirar a vida de cinco pessoas, entre elas três crianças menores de dois anos. Em entrevista coletiva, concedida nesta terça-feira, dia 4, o policial civil mencionou alguns dos fatos apurados até o momento.
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“Ao longo dos dias vamos traçar um perfil mais completo. Já temos algumas informações. Um rapaz problemático. Vinha enfrentando bullying na escola, maltratando alguns animais. Muito introspectivo, quietão, na dele. Aquele perfil que hoje já não é mais tão incomum na nossa sociedade. Aquele jovem que se tranca no quarto e ninguém sabe o que ele está fazendo com o computador. Ele gostava de jogos online, alguns com violência”, informa Marçal.
Ainda segundo o delegado, em razão de o assassino ter tentado tirar a sua própria vida e ter sido hospitalizado, ainda não foi possível fazer um interrogatório. “Ainda não consegui, porque foi submetido à cirurgia. Quero ver o que ele vai contar, juntar com peças de investigação, para tentar entender a motivação desse crime. Ele trabalhava numa empresa aqui de Saudades, tinha R$ 11 mil guardado, não era muito de sair, socializar. Tinha alguns problemas dentro de casa. Em razão desse bullying, segundo familiares, não queria mais ir para a escola”.
Conversa com a família do assassino
Nesta terça-feira, o delegado esteve na residência do criminoso, conversou com os seus familiares e assegurou que nenhum deles imaginava do que o jovem seria capaz de fazer na escola. “Conversamos com os pais e a irmã. Ele era quietão, não se abria com ninguém. Não tinha namorada, não tinha celular. Os poucos amigos que tinha, já havia se afastado de alguns deles nos últimos dias. De diferente, os dois instrumentos que usou hoje no local ele havia comprado há pouco tempo. A irmã dele questionou o que ele queria com aquilo. Ele brincou que era pra maltratar um bichinho que ela tem em casa, em tom de brincadeira. Ninguém da família dele imaginava que fosse capaz de fazer isso, com certeza absoluta”, garante o delegado.
Ação de professoras evitou tragédia ainda maior
O responsável pela investigação também mencionou que a ação rápida das professoras evitou uma tragédia ainda maior na escola de Saudades. “A bravura das professoras vale destacar. Deixar os meus parabéns. Imaginem o terror que elas passaram. Instintivamente elas se trancaram nas salas e seguraram as crianças. Ele tentou entrar em todas as salas e não conseguiu. Essas mulheres guerreiras evitaram que um mal maior acontecesse. E também os vizinhos, que ouviram os gritos e foram até o local e conseguiram conter ele”, conta o delegado.
Prefeito menciona dia mais triste da história do município
O prefeito de Saudades, Maciel Schneider, mencionou que a cidade é conhecida pela hospitalidade. Segundo ele, o crime brutal entrou para a história como o dia mais triste do pequeno município, com 9,8 mil habitantes, localizado a cerca de 70 KM de Chapecó. “É o dia mais triste da história do nosso município. Infelizmente, esse fato aconteceu em uma cidade um tanto tranquila como a nossa. Jamais sonhávamos ou em algum pesadelo imaginar o momento que estamos passando. Imaginem as famílias que tiveram óbitos. Nosso município é acolhedor. Nosso lema é o ‘Vale da Hospitalidade’, são pessoas de bem, e nos assusta o fato que ocorreu”, lamenta o prefeito.