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Após o impacto do diagnóstico, pais aprendem a lidar com o autismo

Foi com um ano e seis meses, que Renata e Gedson, descobriram que a filha Heloisa é autista

Ir ao fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e ao psicólogo são alguns dos novos compromissos da técnica de enfermagem, Renata Vicente Costa, 30 anos e do marido, o metalúrgico, Gedson Pereira Sebastiana, 34 anos. Tudo isto, há dois anos, desde que receberam o diagnóstico de Transtorno de Espectro Autista (TEA), autismo da filha, a pequena Heloisa, três anos.

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“Estávamos percebendo que ela estava mudando, só não queríamos acreditar que poderia ser autismo. Mas era. Em três meses nossa vida se transformou”, contam os pais.

Foi com um ano e seis meses, no período em que ficava a escola que vieram as primeiras suspeitas. “Fomos chamados algumas vezes pela professora. Ela nos falava que a Helo não se enturmava com os colegas de classe, ficava isolada em um canto da sala e chorava. A professora nos questionou como era o comportamento em casa e comentou que nossa filha poderia ser autista. E claro, a gente não queria acreditar nessa hipótese”, lembra Renata.

O diagnóstico

Heloisa sempre teve um bom desenvolvimento, segundo a mãe, a menina deu seus primeiros passos aos 11 meses de idade, até um ano falava, interagia muito, só que com o tempo seu comportamento foi mudando. “Estava seletiva para a comida, não olhava em nossos olhos, em lugares que tinha muita gente ficava nervosa, entre outras situações”, diz ela.

Veio o estalo e a  preocupação, Renata e Gedson começaram a pesquisar sobre o distúrbio na internet, perguntando para amigos que entendiam um pouco sobre o assunto para saber se a filha realmente se enquadrava nas características. Até que resolveram levar a pequena a um pediatra, que encaminhou ao neurologista e realmente veio o diagnóstico.

“Nosso chão caiu. Engoli o choro na frente do médico, sendo que mil coisas se passaram em minha cabeça. Já pensei até no futuro dela, em todo o preconceito que poderia sofrer”, lembra a mãe. Por outro lado, o pai recorda que chorou na frente do médico. “Não aguentei”, disse ele.

A partir de então, os dois não cruzaram os braços e de imediato foram em busca de tratamento para a filha  autista grau leve. Para saber lidar com as situações que envolvem a menina, hoje Renata faz parte do Movimento de Mães Autistas de Criciúma e Região, onde trocam experiências e lutam por políticas públicas e pela aplicação das leis já existentes. “Estou aprendendo muitas coisas. É importante ter o conhecimento para poder explicar, orientar as pessoas e claro,  auxiliar no tratamento”, destaca.

Agora mais tranquilos, eles vibram a cada progresso de Heloisa. “Na escola está tendo uma boa evolução, conseguindo interagir com as crianças, voltou a pintar e a comer sozinha. Em casa ela já está bem flexível”, falam entre sorrisos.

Apesar de todas as dificuldades e, principalmente, o preconceito da sociedade, Gedson e Renata acreditam que ter um filho autista ajudou a transformá-los em um ser humano melhor. “As pessoas são diferentes e precisamos aceitar.  E para nós ela é perfeita”, finalizam.

Criciúma possui 250 alunos matriculados com TEA

Com base nos dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Educação Anísio Teixeira (Inep), a porcentagem de crianças com espectro autista matriculados nas escolas é em torno de 37,27%. A coordenadora da Educação Especial da Rede Municipal de Criciúma, Úrsula Silveira Borges, informa que no município a média de estudantes com TEA matriculados nas unidades de ensino é de 250 alunos.

“Nossa sociedade já passou por diversas mudanças. Portanto, veio a oportunidade e a obrigatoriedade deles estarem matriculados nas unidades de ensino. Como resultado, podem estar socializando e convivendo com crianças sem deficiência que possuem as mesmas oportunidades”, disse ela.

O Secretário de Educação, Miri Dagostim, destaca que estudar e trazer informações para desenvolver melhor o ambiente educacional aos alunos autistas nas escolas é o principal objetivo. “Principalmente, organizar uma rotina e desenvolver o ambiente para que esses alunos consigam se sentir acolhidos como ficam em suas casas”, diz ele

Lei n.8.078

Foi sancionada no início do mês de março a lei n.0.078, de autoria dos vereadores Manoel Rozeng, Roseli De Lucca, Daniel Antunes, Giovana Mondardo, Paulo Ferrarezi, Juarez de Jesus e Obadias Benones que institui a Semana da Conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), no calendário oficial de datas comemorativas de Criciúma.

“A lei é importante para o desenvolvimento de ações de informação e orientação para as pessoas terem mais conhecimento sobre o assunto. Desse modo, tende a diminuir o preconceito, pois atrapalha o desenvolvimento da pessoa diagnosticada com esse transtorno”, estabeleceu o vereador, Manoel Rozeng.

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