Notícias de Criciúma e Região

Análise de imagens de satélite indica redução de poluição no Brasil com quarentena

Imagens divulgadas pela Nasa no início de março já alertavam para um dos efeitos do isolamento provocado pela pandemia de coronavírus no mundo: a redução de níveis de dióxido de nitrogênio, um gás nocivo emitido por veículos que usam combustíveis fósseis e por instalações industriais. A agência espacial norte-americana identificou que, dias após as fábricas na China interromperem suas atividades, os índices de poluição do ar no país caíram drasticamente.

Entre em nosso grupo e receba as notícias no seu celular. Clique aqui

Agora, imagens de satélite também indicam que o mesmo declínio de poluição pode ser observado no Brasil. A mudança é especialmente perceptível na região Sudeste, com uma redução nítida do gás poluente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principalmente nas capitais e regiões metropolitanas.

O engenheiro catarinense Diego Hemkemeier, especialista em análise com imagens de satélite e gerente de geoprocessamento no Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina, identificou uma queda acentuada nos índices de dióxido de nitrogênio entre os dias 20 de março e 2 de abril.

“Fiz o processamento de imagens de um satélite europeu que é usado especificamente para análise da atmosfera. E dá para perceber uma redução de dióxido de nitrogênio, especialmente nos grandes centros. O principal motivo é a redução da queima de combustíveis fósseis, e a redução da circulação de veículos pode ser a principal causa dessa diminuição”, detalha Hemkemeier, em entrevista para a GaúchaZH.

Demonstração da poluição sobre o Rio de Janeiro antes do isolamento Diego Hemkemeier / Arquivo pessoal

Em São Paulo, a quarentena estabelecida em todo o Estado por conta da pandemia provocou a diminuição das atividades econômica e, consequentemente, a circulação de veículos, reduzindo as emissões de substâncias poluentes na atmosfera. Desde o dia 20 de março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) passou a registrar, em suas estações de monitoramento da região, uma melhora na qualidade do ar considerada boa para os poluentes primários, que são emitidos diretamente pelas fontes poluidoras.

“A emissão de poluentes cai drasticamente quando tiramos veículos nas ruas, que são um dos maiores responsáveis pela poluição. Mas estamos com condições meteorológicas muito boas, e isso faz também com que a poluição realmente caia bastante”, analisa Maria Lucia Gonçalves Guardani, gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb.

No Rio Grande do Sul, ainda não foi divulgada uma análise que comprove se houve redução nos índices de poluição a partir da quarentena. Ao analisar imagens de satélite sobre o território gaúcho, Diego Hemkemeier explica que não foi percebida grande variação nos níveis de dióxido de nitrogênio. ” Temos poucas informações disponíveis ainda, mas nos próximos dias é bem provável que Porto Alegre tenha dados consideráveis”, sugere o engenheiro.

Os especialistas explicam que é necessário dispor de um período mais extenso de dias para obter uma análise mais conclusiva dos impactos advindos da redução das atividades econômicas e de circulação na qualidade do ar no Brasil.

Circulação de pessoas

Um relatório divulgado pelo Google mostra uma queda significativa na circulação de pessoas no mundo por causa do isolamento social provocado pelo avanço do novo coronavírus. O estudo usou dados do Google Maps e comparou a alta ou queda de visitação a lugares como parques, mercados, farmácias e locais de trabalho em meio à pandemia do coronavírus.

O relatório estabeleceu seis categorias: Lazer (que inclui restaurantes, bares e shoppings), Mercados e Farmácias, Parques, Mobilidade (como grandes terminais de ônibus e estações de trem), Trabalho (como escritórios) e Residência (ficar em casa).

Usando o histórico de dados, a plataforma tenta medir a adesão do distanciamento social no Brasil e mostra que houve uma queda em todos os grupos, exceto ao que corresponde à Residência (ou seja, permanecer em casa), que teve uma alta de 17%. Os grupos que mais tiveram queda de visitação foram Lazer e Parques.

>Cobertura especial, saiba tudo sobre coronavírus

O relatório também traz dados por regiões. No Rio Grande do Sul, a adesão ao distanciamento foi maior do que a média nacional, ficando em 20%, assim como a queda ao grupo Lazer foi maior, ficando em -75%. O único grupo que ficou acima da média nacional foi o de Pontos de Trabalho: mesmo em queda, no território gaúcho o índice ficou em -33%; já no Brasil, a queda foi de 34%.

O Rio Grande do Sul ficou entre os Estados que mais aumentaram a adesão da permanência em casa, porém outros Estados, como Santa Catarina, diminuíram mais a taxa de visitação a pontos de Lazer. Os catarinenses reduziram em 80% a ida a shoppings e restaurantes e em 84% a visita a praias e parques.

Uma das regiões mais afetadas, São Paulo ficou com os índices parecidos à média nacional, com adesão de 17% ao distanciamento social e diminuição de 62% na visitação de Pontos de Mobilidade.

 

Por GaúchaZH

Você também pode gostar