Faz quatro anos, que Valdenir Ronchi, abdica parte de seu tempo às sextas-feiras à noite, para dedicar-se aos moradores de rua, grande parte deles usuários de drogas. É durante a madrugada que ele junto com seu cunhado, Cleber percorrem alguns pontos da cidade, como a rodoviária, praças, região do trilho e numa conversa amiga falam sobre a palavra de Deus. É neste momento de afinidade que aproveitam e entregam cachorro-quente, em outra oportunidade, X- salada junto com suco para quem senta para escutá-los.
O projeto Luz da Madrugada, como Valdenir batizou, tem como único propósito, buscar a evangelização e recuperar estas pessoas. Atualmente além do lanche durante a semana é feita a entrega de marmitas. “Geralmente em torno de 15 por dia. Faço a leitura da Palavra de Deus antes, e quem vem aqui, escuta e leva o seu almoço. Acredito que uma hora essa pessoa será atingida pela Palavra de Deu e irá mudar de vida”, aposta Valdenir que possui uma cozinha industrial.
Pedidos de ajuda
Segundo Valdenir, o que o motivou a boa ação, foram pessoas que começaram a pedir ajuda para sair da rua. “Quando saímos na madrugada durante a conversa, muitos falam que não tem apoio de ninguém. A partir disto, começamos sem medo algum, a levá-los para centros de recuperação, mas a maioria são pagos. Já fiquei devendo quase R$2 mil em um deles, mas graças a Deus, encontramos pessoas que se sensibilizaram com o projeto e abriram portas, tanto que hoje tenho vagas, mas poucos querem se internar”, lamenta.
Lodi saiu das drogas e buscou nova vida
Durante este período, ele conta que viu muitas coisas, passou por situações apavorantes, mas o que o lhe deixa satisfeito é por ter realizado várias internações. “Muitas pessoas já pediram a nossa ajuda, algumas aproveitaram a oportunidade, outras não. É um trabalho de formiguinha e que com muita paciência conseguimos resultados”, fala satisfeito.
Um exemplo é o de Lodimar Fenille dos Santos, o Lodi, 36 anos. “Vivi 18 anos nas drogas, fui usuário de crack e resolvi mudar de vida. Eu não sei o que me motivou a isso, talvez as amizades. Até que percebi que eu estava derrotado. Não tinha nada, não trabalhava, só queria beber e usar drogas. Incomodei muito a minha família. Mas agora foquei em minha recuperação”, conta Lodi, que hoje após uma oportunidade de Valdenir, trabalha na cozinha industrial. “Lavo panelas, faço saladas e outras coisas. Está sendo um grande aprendizado é outra vida. Outro nível”, diz ele.
E com paciência, boa vontade e amor ao próximo, Valdenir segue com seu projeto e espera ir além. “Um de meus sonhos é ter um centro de recuperação. Um lugar para levar e cuidar dessas pessoas, tanto homens quanto mulheres”, finaliza.