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Alesc recebe exposição “As Cores da Vida” da Polícia Civil

Artistas plásticos produziram retratos estilizados de mulheres vítimas do crime de feminicídio e tentativa de feminicídio

A Polícia Civil do Estado é a responsável pela exposição “As cores de cada vida”, lançada nesta terça-feira, 16, na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A exposição é aberta à visitação pública até 26 de maio. Quatorze artistas plásticos produziram retratos estilizados de mulheres vítimas do crime de feminicídio e tentativa de feminicídio nas cidades de Araranguá, Braço do Norte, Criciúma, Içara, Jaguaruna, Laguna e Tubarão de 2012 a 2021.

A mostra é itinerante e já percorreu cidades do sul do Estado e pretende chegar a todo o território catarinense.

“O objetivo é divulgar o trabalho da polícia civil na investigação desses crimes e promover a sensibilização, reflexão, denúncia, prevenção à violência contra a mulher por meio da linguagem imagética, enquanto forma de expressão artística capaz de mediar uma realidade imposta a partir da violência, operando uma ressignificação desse real”, destaca Clarissa Enderle, psicóloga da Polícia Civil e idealizadora do projeto.

Artista plástica, Raissa Beatriz Bússolo Capeler, retratou duas mulheres da cidade de Laguna – Foto: Divulgação

Cada artista participante tem seu processo criativo único, numa combinação de recursos pessoais. São eles: Simone Tezza Coelho, Dudu Rodrigues, Albertina Prates, Raissa Beatriz Bussolo Capeler, Eliza Lins Menucci Makray, Soraya De Pieri, Carlos André de Oliveira, Ana Mendes Simões, Luis Fernando Siqueira, Nadya Niehues Becker, Abrão Scotti, Sonia Alves, Lisandra Comim e Juliano Teixeira Matto. O projeto contou com diversos patrocinadores em cada cidade.

Em seu trabalho a artista plástica, Raissa Beatriz Bússolo Capeler, retratou duas mulheres da cidade de Laguna. “Como não consegui contato com a família anteriormente, desenvolvi de forma bastante intuitiva. Começo com desenho manualmente e depois utilizo o aerógrafo no computador. Para compor confesso que foi bastante doloroso, pois recebi a história das duas mulheres e  são histórias terríveis. É inadmissível que em 2023, ainda existam homens que se sintam donos dos corpos dessas mulheres a ponto de decidir tirar a vida delas. Eram os companheiros. Tentei recolocá-las num ambiente e numa imagem de resgate dessa vida”, ressaltou Raissa.

Números alarmantes

A delegada Patrícia Zimermann organizou a exposição e apresentou dados sobre esses crimes. “Apenas em 2022 a Polícia Civil registrou 90.001 vítimas de violência doméstica e familiar em Santa Catarina. No mesmo ano 56 feminicídios. São números absurdos e a história de vida dessas mulheres merece ser contada em cores, quais crimes foram cometidos, que a gente traga de volta a vida dessas mulheres.”

A procuradora da mulher na Casa, deputada Luciane Carminatti (PT), falou emocionada sobre o tema. “Precisamos fazer uma reflexão sobre a construção da violência, que traz problemas coletivos de saúde social. O que estamos fazendo aqui não é para comemorar, mas motivo de profunda indignação. Gostaria que essa exposição chegasse às instituições escolares, a alunos e professores, para questionar a educação que prega que homens são donos do corpo da mulher”, finaliza.

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