Brincar de Adoleta remete ao nosso passado e de muitas gerações aqui no Brasil e em muitos países. Amarelinha, pular corda, brincar de se esconder e brincadeiras de palmas como adoleta foram alguns dos passatempos que fizeram parte da minha infância, e certamente marcou sua infância também. Antigamente as crianças cresciam brincando nas calçadas ao ar livre, com variadas brincadeiras de rua, fato cada vez mais raro nos tempos atuais. E é justamente sobre essa brincadeira de palmas como a Adoleta que uma amiga me marcou no seguinte post me pedindo para explicar:
Pois bem, hoje vamos conhecer a origem e significado dessa brincadeira infantil e da musiquinha tão conhecida da infância de muita gente. Afinal a maioria das pessoas adultas já brincou ou conhece a brincadeira da Adoleta, não é mesmo? Mas o que significa ‘adoleta’? A palavra adoleta ou adoletá, como também é conhecida, vem da palavra francesa “Andouillette“.
O curioso é o significado dessa palavra, aposto que você cantava e não sabia o que significava, assim como tantas outras, não é mesmo?! Em outra coluna contei sobre o curioso significado da música infantil “Poti poti, perna de pau…”, se você não leu, sugiro que clique aqui.
Na frança, Andouillette é uma salsicha ou linguiça de grão grosso com carne de porco, intestino ou chitterlings, pimenta, vinho, cebolas, temperos e é bastante apreciada pelos franceses.
E o que significa Le peti peti Polá? Lê petit significa “a pequena”, já o “polá” seria o que os francesinhos entendiam da palavra “pois”, que significa em francês “ervilha”, ou seja, seria assim sua tradução abrasileirada: “A pequena ervilha / Café com chocolate.”
Você lembra como é a brincadeira?
Em uma roda, as crianças colocam a mão direita sobre a mão esquerda do seu amigo, com a palma para cima. A primeira bate a mão direita na direita do amigo. Quem recebe o tapa repete o feito e assim vai, a cada sílaba cantada, até o final da cantiga. O último a levar o tapa sai do jogo. A cantiga é: “A-do-le-tá / Le peti peti polá / Le café com chocolá”.
Essa brincadeira adoleta chegou ao Brasil a partir da imigração francesa e desde lá sofreu e ainda sofre diversas adaptações. A adoleta fazia parte do repertório de músicas infantis francesas e já quando chegou ao Brasil sofreu uma mescla de palavras francesas e portuguesas.
Como a maioria tinha dificuldades em pronunciar as palavras originais ou a sua tradução, elas “brincavam” para gravar a pronúncia certa, com isso a melodia foi se transformando, eu diria se “abrasileirando”, tornando o que nós conhecemos hoje.
Adoleta é uma deturpação de “un, deux, trois”, ou seja, “um, dois, três”. O que me parece provável, que poderia ser uma espécie de “um dois, feijão com arroz” mas envolvendo café (às vezes “nescafé”, em algumas versões) com chocolá.
O que aconteceu com a cantiga Adoleta, foi o que aconteceu com o também clássico “Uni Duni Tê”, que claramente uma música infantil iniciada a partir de “um, dois, três”. A dificuldade de traduzir ou entender a pronúncia também é retomado ao se falar “sorvete colorê” ou “salamê minguê”. Esses adjetivos terminados em ê claramente vieram do particípio passado francês.
A principal versão da música da brincadeira adoleta seria essa:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
A-do-le-tá;
Puxa o rabo do tatu;
Quando quem saiu foi tu.
Mas há outras variações da música que não são muito conhecidas, provavelmente mudadas ou criadas hoje em dia.
Versão 2:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
A-do-le-tá;
Puxa o rabo do tatu;
Quando quem saiu foi tu
Puxa o rabo do cometa
Quem saiu foi Julieta
Puxa o rabo da cotia
Quem saiu foi sua tia
Versão 3:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
A-do-le-tá;
Puxa o rabo do tatu;
Quando quem saiu foi tu
Com a letra “U”
Versão 4:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
A-do-le-tá;
Puxa o rabo do tatu;
Quando quem saiu foi tu
Puxa o rabo da panela
Quem saiu foi ela
Puxa o rabo da cotia
Quem saiu foi minha tia
Puxa o rabo do pneu
Quem saiu foi eu
Macaquinho, macacão
Vou bater na sua mão
Má, me, mi, mo, mu, mão.
Versão 5:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
A-do-le-tá;
Puxa o rabo do tatu;
Quando quem saiu foi tu;
Puxa o rabo da cutia;
Quando sai a sua tia;
Quando um ganha o outro perde;
Não adianta disfarçar;
E tem que ficar ligado;
Quando a música parar!
Versão 6:
A-do-le-tá;
Le peti peti polá;
Le café com chocolá;
Sa-bo-ne-te;
Cento e cinquenta com muito carinho;
Vai ter que me dar um pedacinho;
Baygon baygon;
Baygon com detefon;
Um dois três quatro cinco;
Seis sete oito nove dez;
Barra berra birra borra burra!
Espero que tenha gostado de conhecer a curiosa origem de uma das brincadeiras mais conhecida dos brasileiros. Agradeço imensamente pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais: