Após quatro décadas, as músicas da banda sueca fazem muito sucesso nas redes sociais das dancinhas que mais se destaca no mundo. Um garoto sem camisa dança no quarto quando, de repente, uma mudança de batida na música guia um corte no vídeo e, no segundo seguinte, ele está usando terno e gravata. Uma garota dá dicas de como reconhecer uma menstruação normal. Um homem enumera guloseimas argentinas que não existem mais, com as trilhas sonoras das músicas “Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)”, entre outras que o Abba lançou em 1979, recebem milhares de curtidas e visualizações. Esses e muitos outros vídeos neste formato estão viralizando na rede social TikTok todos os dias e a todo instante.
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O sucesso de músicas de 40 anos atrás entre os jovens é só um dos sintomas da longevidade da obra do Abba, que na última semana fez um dos mais improváveis retornos do pop em todos os tempos. Lançaram um disco “Voyage”, com músicas inéditas, após quatro décadas, hoje, com as vozes mais graves e naturalmente menos potentes que no auge da banda, o novo álbum soa exatamente como uma continuação da estética do grupo, com suas guitarras marcantes, cheias de efeitos e sintetizadores com a sonoridade dos anos 80.
O Abba começou sua trajetória em 1970, mas em 1974 foi que o grupo estourou quando ganhou o Festival Eurovision com a música “Waterloo”. Dali em diante, lançaram oito álbuns, empilhando hits nas paradas como “Mamma Mia”, de 1975, e culminando no disco “Arrival”, de 1976, que vendeu mais de dez milhões de cópias e marcou o auge do grupo, com “Dancing Queen”, “Money, Money, Money” e “Knowing Me, Knowing You” e muitos outros hits. Em 1982, a banda anuncia uma pausa e após quase 40 anos retorna de forma extraordinária. O anúncio veio no último mês de setembro, com a criação de uma conta do Abba no TikTok e uma versão ao piano de “Dancing Queen”, para os desafios de dancinhas com a música que ainda continua bombando na plataforma.
No novo disco, o Abba segue com a disco music e retoma as baladas que marcaram a banda. Mas as letras estão mais reflexivas. O single “I Still Have Faith In You” parece pesar de maneira singela sobre o legado do Abba, “Don’t Shut Me Down” traz uma transição perfeita para os vídeos do TikTok.
O Abba tem show em hologramas que a banda anunciou para o ano que vem em Londres. O quarteto voltou a tocar junto, para que seus movimentos fossem capturados e transformados em avatares ou “abbatares”. Eles não estão com a aparência atual, de quem passou dos 70 anos, mas com as feições e roupas que usavam quatro décadas atrás.
As músicas do álbum “Voyage” já somam dezenas de milhões de visualizações, é improvável que o retorno do Abba dê uma sobrevida ao grupo. Os shows com hologramas são uma maneira de permanecer longe da indústria fonográfica, algo evidente no discurso atual dos integrantes. As mulheres da banda, Fältskog e Lyngstad, só toparam participar da volta se não tivessem de fazer turnês ou dar entrevistas. Tanto o novo disco quanto os shows com hologramas marcam o fim definitivo do Abba, uma despedida digna para uma banda que extrapolou um sucesso momentâneo e hoje está cravado na história como uma entidade da música pop de todos os tempos.
Em uma matéria no jornal americano The New York Times, Benny Anderson ironiza dizendo que nada precisa ser provado e que eles continuarão tocando “Dancing Queen” no ano que vem.
Confira: