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A inteligência artificial e o futuro do trabalho: reflexões sobre um futuro mais humano e criativo

Radar da Inovação, tudo sobre o mercado de tecnologia, coluna quinzenal de Pedro Catini, engenheiro e especialista em inovação

Foto: Divulgação

A Inteligência Artificial Generativa (IAG) está reformulando o cenário de negócios, impactando desde áreas operacionais até setores estratégicos como finanças, marketing e desenvolvimento de produtos. Segundo um estudo da Quid, os investimentos em IA cresceram 30 vezes entre 2019 e 2023, atingindo US$ 25,2 bilhões, evidenciando a aceleração sem precedentes nessa área. Mas, ao mesmo tempo que essa tecnologia avança, é inevitável refletirmos sobre seu impacto na vida humana, especialmente no trabalho.

A história das revoluções tecnológicas pode ser vista como uma progressão de três grandes eras: a Era Industrial, com o foco em produtividade; a Era Digital, que trouxe a transformação e a conectividade global; e, agora, a Era da Imaginação, onde a IAG nos leva a um novo patamar ao combinar o melhor da tecnologia com a essência criativa humana.

Era da Imaginação: o potencial humano em foco

Na Era da Imaginação, a tecnologia atua não como substituto, mas como ampliador da capacidade humana. O relatório “GenAI for Startups” do Google Cloud destaca como a IA está sendo utilizada para potencializar as habilidades das equipes e acelerar processos. Em vez de realizar tarefas triviais, as máquinas assumem papéis de suporte, como organizar informações, estruturar dados e sugerir insights. Para os humanos, resta o desafio mais nobre e transformador: inovar, criar e discernir.

Esse novo cenário torna a criatividade uma das características mais valiosas no mercado de trabalho. A identidade do ser humano será sua capacidade criativa, sua autenticidade e sua sensibilidade em perceber contextos complexos que vão além dos padrões. O relatório “The State of AI” da McKinsey reflete exatamente essa visão ao mostrar que o futuro das profissões estará menos atrelado a tarefas repetitivas e mais orientado a atividades que exijam insights profundos e subjetivos, como o design de novas experiências e a inovação constante.

A Inteligência Híbrida: ampliando as capacidades humanas

Nesse cenário híbrido, a colaboração entre humanos e máquinas não apenas é possível, mas essencial. Em atividades como pesquisa, planejamento e análise, os agentes de IA podem processar enormes quantidades de dados em segundos, oferecendo suporte para decisões mais embasadas e estratégicas. Como um exemplo disso, o uso de prompts para direcionar a IA é uma verdadeira co-criação, onde a tecnologia acelera e organiza, enquanto a mente humana orienta e ajusta com base em nuances e sensibilidades que só ela possui.

Segundo o estudo “The Economic Potential of Generative AI” da McKinsey, o uso adequado da IA pode elevar a produtividade em até 40% e a qualidade do trabalho em 12%. Isso significa que, ao integrar a IA nos processos, as empresas têm a oportunidade de redirecionar seus esforços para áreas de maior valor agregado, permitindo que as equipes humanas se concentrem no que fazem de melhor: inovar, adaptar e trazer uma perspectiva única.

Ética e Limites: garantindo um futuro sustentável e responsável

Apesar das inúmeras vantagens, é fundamental adotar um uso equilibrado e ético da IA. A privacidade e a transparência são pontos cruciais que devem ser considerados ao longo dessa evolução. No relatório “What Every CEO Should Know About Generative AI,” a McKinsey ressalta a importância de práticas éticas e de governança rigorosa para garantir que a adoção da IA seja segura e responsável. Proteger a autonomia e a sensibilidade humana nas decisões deve ser prioridade, evitando uma dependência excessiva das tecnologias e mantendo o julgamento humano no centro das atividades que envolvem interpretações complexas e subjetivas.

Além disso, é importante que a IA seja vista como uma ferramenta para complementar, e não substituir, o toque humano. Essa responsabilidade é uma questão ética, mas também uma vantagem competitiva, pois um uso saudável e bem calibrado da tecnologia permitirá que as organizações e as sociedades aproveitem o melhor de ambos os mundos: a precisão e a agilidade da máquina, com a intuição e a criatividade humanas.

O Futuro do Trabalho: tecnologia como complemento, não substituto

À medida que a IA se torna cada vez mais integrada às empresas, o trabalho humano não será menos relevante; ao contrário, ele se tornará mais essencial, mas com novas exigências. Cada colaborador precisará cultivar habilidades únicas e não substituíveis, como pensamento crítico, criatividade e empatia, características que fazem parte da autenticidade humana e que não podem ser replicadas por uma máquina.

A autenticidade de cada ser humano será sua capacidade criativa. Esse será o verdadeiro diferencial em um mundo onde a tecnologia está cada vez mais presente. À medida que aprendemos a colaborar com a IA, temos a oportunidade de potencializar nosso impacto, aprimorar nossos processos e, principalmente, elevar a qualidade de vida ao liberar mais tempo para atividades estratégicas, criativas e humanizantes.

Conclusão: um futuro mais humano, potencializado pela tecnologia

Em resumo, o avanço da Inteligência Artificial Generativa representa não apenas uma evolução tecnológica, mas um novo estágio de integração entre as capacidades humanas e as ferramentas digitais. Ao adotar um modelo de inteligência híbrida, onde máquinas e humanos trabalham lado a lado, estamos abrindo caminho para um futuro onde a tecnologia amplia, mas nunca substitui, a essência humana.

Esse futuro nos convida a repensar o papel do trabalho e o valor da criatividade humana, lembrando que, enquanto as máquinas aprimoram a eficiência, é a autenticidade e a capacidade criativa que definirão a identidade e o sucesso de cada um de nós. Caminhamos para uma era em que a tecnologia é uma aliada, nos ajudando a alcançar níveis de produtividade e inovação sem precedentes, mas, ao mesmo tempo, o que nos torna verdadeiramente únicos – nossa humanidade – permanece no centro de tudo.

A Inteligência Artificial Generativa representa uma revolução transversal e transformacional que está mudando todas as áreas das empresas, do financeiro ao marketing, do jurídico ao comercial e etc. Mais do que nunca, o fator de evolução e adaptabilidade dos negócios se faz necessário. Segundo estudo da Harvard Business School, a IA pode aumentar a produtividade em até 40% e a qualidade do trabalho em até 12%.

O cenário de evolução da IA está bem acelerado, os investimentos na tecnologia cresceram em 30x de 2019 até 2023, o equivalente à 25,2 bilhões de doláres segundo o estudo da Quid.

Para compreender melhor esse cenário, podemos fazer uma rápida análise sobre as ondas de evolução das tecnologias nos últimos anos. Nós podemos dividir em 3 eras de transformação dos negócios baseadas em tecnologia:

 

  1. Era industrial: onde o foco era na aplicação tecnologias para aumentar produtividade de produtos e serviços;
  2. Era digital: onde o foco era na transformação digital dos modelos de negócios com a criação de plataformas e multicanalidade para os serviços e produtos;
  3. Era da imaginação: onde precisamos extrair a essência de cada ser humano através de sua criatividade para potencializar suas capacidades através das múltiplas soluções de IA Generativa.

 

Nesse contexto, podemos refletir que o fator humano poderá ser a principal variável de sucesso para o futuro do trabalho.

O futuro será humano. E a inteligência? Será híbrida, potencializada pela colaboração entre a mente humana e os avanços da inteligência artificial, que amplificam nossas habilidades em atividades compartilhadas e nos permitem alcançar níveis de eficiência e criatividade antes inimagináveis?

Podemos olhar para trás e ver os primeiros passos dessa trajetória de amplificação. Inicialmente, delegamos memórias simples aos nossos dispositivos, como a lista de contatos ou tarefas rotineiras, permitindo que o cérebro se concentrasse em tarefas mais complexas. Com a chegada da nuvem, foi possível expandir ainda mais essa capacidade, armazenando documentos e dados importantes online e facilitando o acesso a essas informações de qualquer lugar. Hoje, avançamos mais um passo com a inteligência artificial: os prompts e agentes inteligentes atuam ao nosso lado, auxiliando na organização de ideias, na pesquisa de informações e na criação de conteúdo, tudo em questão de segundos.

Essa interação entre nós e a inteligência artificial é uma ampliação direta das nossas capacidades. Quando criamos um prompt bem elaborado para uma IA, por exemplo, estamos realizando um trabalho conjunto, onde as máquinas acrescentam velocidade e precisão, enquanto nós trazemos intuição, criatividade e julgamento. Em atividades complexas como análise de dados, geração de insights ou até mesmo em processos criativos, esses agentes inteligentes complementam nossa atuação, liberando tempo e espaço mental para que possamos nos aprofundar em aspectos mais estratégicos e humanos de cada projeto.

Esse futuro híbrido, contudo, exige atenção para que a tecnologia realmente nos impulsione sem nos limitar. Primeiramente, é essencial que se tenha clareza nos limites e na ética de utilização da inteligência artificial. A privacidade, a transparência e a autonomia precisam ser preservadas em cada interação. Além disso, devemos evitar a dependência excessiva, lembrando que o julgamento humano é insubstituível em decisões que envolvem sensibilidade e compreensão de nuances.

Com um uso equilibrado e responsável, a inteligência híbrida nos permitirá acessar o melhor de dois mundos. A IA nos ajuda a organizar, processar e ampliar, enquanto nosso toque humano é essencial para inovar, relacionar e impactar positivamente. Assim, caminhamos para um futuro onde a tecnologia não substitui, mas complementa, aprimorando nossas capacidades e ampliando nosso impacto, de forma a tornar o mundo mais eficiente, inclusivo e humano.

 

O conteúdo desta postagem é uma opinião pessoal e inteiramente de responsabilidade de seu autor, que por ser colunista, não necessariamente reflete a opinião de nosso veículo de imprensa.

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