É fato que podemos encontrar muitas informações nas redes sociais sobre diversos transtornos. Essas informações são muito importantes para quem, realmente, é detentor dessas condições. Porém, o problema inflama quando o seguidor deste conteúdo faz seu próprio diagnóstico, ou seja, um autodiagnóstico.
Com o advento da internet, muitos terapeutas aderiram às redes sociais para conscientizar seus seguidores sobre alguns transtornos. Este feito é interessante para divulgar os seus trabalhos e métodos, mas o problema começa quando se coloca em risco a vida daqueles que os seguem. Isso acontece pois, muitas vezes, o perfil não é gerido nem mesmo por um profissional da saúde. Em troca de engajamento, impulsionam-se fragmentos de informações ou até mesmo desinformação. Com o intuito errado, alguns seguidores usam esse conteúdo para diagnosticar a si mesmos ou terceiros do seu meio social, adotam esse laudo como verdadeiro e o usam de forma imprópria, mudam comportamentos e chegam a um fator de risco, que é a automedicação.
É importante conscientizar sua audiência – venho por meio desta coluna buscar conscientizar também – que mesmo que considerem que tenham três ou quatro características do TDAH, não significa que, seguramente, tenham TDAH. Existem diversas formas de formular um laudo, mas nem uma delas usa as redes sociais sem o acompanhamento de um profissional. Normalmente, um laudo deste gênero demora mais de dois meses para ser concretizado, com diversas sessões e testes, podendo demandar a atenção de outro profissional da saúde além do terapeuta, como por exemplo um neurologista, pediatra ou psiquiatra.
Se por algum motivo ainda não sanei sua dúvida, repito: não! Você não tem TDAH ou qualquer outro transtorno porque viu alguns sintomas que talvez tenha em um TikTok ou Reels. Na realidade, os sintomas genéricos que a maioria das pessoas têm são escolhidos como conteúdo para criar alarde e gerar engajamento para a conta. Caso você encontre um conteúdo sério e se identificou com algum traço que faz você achar que tem algum transtorno, é necessário buscar um profissional da área.
É importante lembrar que existem diversas formas de encontrar tratamento e que também há locais que disponibilizam tratamento gratuito. Você pode recorrer ao SUS, ao ir em seu postinho de saúde e solicitar um encaminhamento ao psicólogo. Ainda, temos as clínicas integradas da saúde da Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc, localizada em Criciúma.
A internet serve, também, para conscientizar, mas esse fato não substitui o trabalho dos profissionais da saúde. Além disso, é importante que os profissionais que divulgam conteúdos sobre saúde mental instruam seus seguidores sobre a utilidade e o limite deles. Precisamos utilizar as redes com bom senso, dado que é imprudente fazer de tudo para conseguir mais seguidores, engajamento, likes e, até mesmo, pacientes.
Autor: https://linktr.ee/GustavoKabelo
O conteúdo desta postagem é uma opinião pessoal e inteiramente de responsabilidade de seu autor, que por ser colunista, não necessariamente reflete a opinião de nosso veículo de imprensa.