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Pelo Estado entrevista Dagnor Schneider, presidente da Fetrancesc

“A economia do nosso Estado não pode ficar à mercê do colapso da BR-101”

“A economia do nosso Estado não pode ficar à mercê do colapso da BR-101”

Dagnor Schneider, presidente da Fetrancesc

 

O empresário de Concórdia, Dagnor Schneider, foi reconduzido ao cargo de presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Santa Catarina (FETRANCESC) para a gestão 2024-2026.

A Coluna conversou com ele para entender como está a situação da malha viária catarinense, os projetos para o próximo biênio e os avanços conquistados nos últimos dois anos. Confira:

 

Pelo Estado – Como o senhor avalia a sua gestão à frente da Fetrancesc e quais os planos para os próximos dois anos?

Dagnor Schneider – Nossa gestão tem sido pautada pelo compromisso com o fortalecimento do transporte rodoviário de cargas em Santa Catarina, buscando sempre garantir condições adequadas e sustentáveis para o desenvolvimento do setor. Nos últimos anos, trabalhamos para ampliar o diálogo com os poderes públicos e outras entidades, defendendo os interesses dos transportadores catarinenses e almejando melhorias em áreas críticas, como infraestrutura e segurança nas rodovias. Para os próximos dois anos, vamos dar continuidade a esses esforços, que são essenciais para tornar o setor mais competitivo e preparado para os desafios futuros.

 

Pelo Estado – Quais os desafios da entidade para este próximo biênio 2024-2026?

Dagnor Schneider – Uma das prioridades desta gestão continua sendo a melhoria da infraestrutura viária e a ampliação da nossa malha. Vamos trabalhar incansavelmente para que as demandas do TRC (Transporte Rodoviário de Cargas) de Santa Catarina sejam ouvidas e atendidas. O catarinense necessita de soluções para a mobilidade, por isso, já há bastante tempo falamos e almejamos uma Rodovia Paralela à BR-101 Norte, a agora chamada Via Mar, que vai ligar Joinville ao Contorno Viário da Grande Florianópolis. A economia do nosso Estado não pode ficar à mercê do colapso da BR-101. Outro grande desafio é despertar o interesse de profissionais para condução de veículos pesados. Atualmente temos um déficit de quase 15 mil vagas no setor. Outra meta será a implementação de ações que busquem a redução do acidentes envolvendo caminhões. A capacitação e conscientização dos motoristas, com foco em direção defensiva e respeito às leis de trânsito, tudo em busca de um trânsito mais seguro.

Além disso, a sustentabilidade ambiental será um pilar da nova gestão. Vamos ampliar o atendimento do Programa Despoluir, o maior programa ambiental do setor. Esta iniciativa é fundamental para reduzir o impacto do transporte rodoviário de cargas no meio ambiente, por meio da promoção de práticas mais sustentáveis e conscientes. E para completar, a renovação de frota com veículos mais modernos e eficientes que consomem menos combustível e emitem menos gases do efeito estufa será uma pauta perene em todo o mandato.

 

Pelo Estado – Na sua última entrevista à Coluna, o senhor avaliou como preocupante a situação das rodovias catarinenses. Nestes últimos dois anos, algo mudou ou a situação é a mesma?

Dagnor Schneider – Infelizmente, a situação pouco mudou. As rodovias catarinenses continuam sendo um ponto crítico, como a BR-470, a BR-153 e a BR-101 que está colapsada, afetando diretamente a segurança dos motoristas e a eficiência do transporte. Temos alguns avanços pontuais, como o Contorno Viário da Grande Florianópolis, que já trouxe impactos positivos para a mobilidade da região. Porém, a manutenção e as melhorias nas rodovias ainda são insuficientes para atender ao fluxo e às demandas do setor. A falta de estrutura rodoviária implica em mais custos com transporte, mais acidentes e mais vidas que se perdem nas estradas. Santa Catarina merece estradas boas para ampliar a fluidez e a capacidade de produção no Estado. Seguimos firmes na cobrança por investimentos robustos, pois acreditamos que isso é fundamental para o nosso desenvolvimento econômico.

 

Pelo Estado – Quais seriam as soluções para diminuir a gravidade desta situação?

Dagnor Schneider – A solução passa, em primeiro lugar, por um planejamento estratégico contínuo, que priorize as obras mais urgentes e garanta a segurança dos usuários. Além disso, é essencial que as verbas destinadas à infraestrutura sejam aplicadas de forma recorrente e com foco em resultados. Projetos de ampliação e duplicação das vias, a adoção de novas tecnologias de monitoramento e um plano de manutenção constante são indispensáveis para reduzir o número de acidentes e melhorar a competitividade logística de Santa Catarina. Só por comparação, enquanto Santa Catarina tem apenas 6,6% de sua malha pavimentada, São Paulo tem 12,7%, Paraná 15,9% e Rio de Janeiro 28,9%. Em relação à quantidade de veículos, circulam nas rodovias catarinenses 842 veículos/km, enquanto no Paraná circulam 438, ou seja, em cada km de rodovia pavimentada de Santa Catarina passa o dobro de veículos do que no Paraná.

 

Pelo Estado – Recentemente, o senhor declarou que a situação das rodovias prejudica a competitividade do Estado. Em que sentido isto acontece?

Dagnor Schneider – A precariedade das rodovias gera uma série de obstáculos, e um dos mais graves é o aumento nos custos operacionais. Por exemplo, só com os congestionamentos no trecho Norte da BR-101, o setor acumula cerca de R$ 1 bilhão por ano em prejuízos, levando em conta os gastos com combustível e perda da produtividade. Isso faz com que o transporte rodoviário em Santa Catarina seja menos atraente em relação a outros estados. Em um cenário global, onde a eficiência é determinante, essas limitações acabam prejudicando não só as transportadoras, mas toda a economia do Estado, que depende de uma logística ágil e segura.

 

Pelo Estado – A quem o senhor atribui a responsabilidade pelo melhoramento das rodovias catarinenses?

Dagnor Schneider – A responsabilidade é todos nós, governos, sociedade civil organizada e cidadãos. Se temos o que temos hoje é porque deixamos que isso acontecesse. O grande desafio é que os governos estadual e federal possam transformar a infraestrutura rodoviária em prioridade e que a sociedade continue cobrando. Por outro lado, já percebemos a boa vontade do DNIT na realização de obras em nossas rodovias federais e do Governo do Estado em favorecer o planejamento estratégico e os investimentos na malha viária catarinense. Cito aqui o Programa Estrada Boa, a contratação do PELT – Plano Estadual de Logística e Transporte e, mais recentemente, a assinatura das ordens de serviço de 4 lotes para os projetos executivos da Rodovia Via Mar, paralela à BR-101 Norte. Como entidade, a Fetrancesc continuará atuando para cobrar as melhorias necessárias e trabalhar em parceria para a viabilização de soluções duradouras.

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