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Desastre no Rio Grande do Sul uma razão para viver

Quantas vezes já questionamos o sentido da vida, principalmente quando estamos passando por um momento tão difícil. Problemas que se mostram intermináveis, seguir adiante simplesmente parece não ser uma possibilidade. Nessas horas, as palavras de Viktor Frankl trazem algo especial no meu coração, que é um sentido de desafio e de esperança.

Psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, Frankl examinou e viveu com profundidade a condição humana em seu livro “Em Busca de Sentido”. Sua triste experiência nos campos de concentração mostrou que, mesmo nos priores momentos, somos capazes de encontrar razões para viver. Ele observou naqueles que conseguiram encontrar um propósito em sua dor muitas vezes encontraram também a força para continuar. Para ele o significado pode surgir das mais diversas formas: amor, trabalho, reconstrução, sofrimento e a coragem de enfrentar a certeza da morte.

Pesando sobre a vida e suas dificuldades, tenho me encontrado nas ideias de Frankl. Sua crença no poder do ser humano para encontrar sentido mesmo diante do caos é uma mensagem valorosa de esperança e força de vontade. E sei que não estou sozinho nisso, suas palavras tocaram e continuam tocando a vida de muitas pessoas ao redor do mundo.

Neste momento de crise, onde as cheias atingem o Rio Grande do Sul, muitas famílias enfrentam perdas incalculáveis. Cidades inteiras de baixo d´água, prejuízos materiais, e o mais doloroso, vidas perdidas. Entre os atingidos idosos assistem décadas de memórias e esforços desaparecerem em um instante, assim como famílias jovens, apenas começando sua trajetória, construindo suas vidas, perderam tudo.

Para essas pessoas, o desafio não é só físico, é emocional e existencial. Diante de tanta devastação, o que resta é a necessidade de reconstruir além do lugar onde morar, suas próprias vidas. Viktor Frankl, em seu trabalho sobre a busca de sentido, diz que mesmo nos momentos mais dolorosos, podemos encontrar motivos para seguir em frente. Para muitos dos atingidos pelas enchentes, o sentido vem de uma força sobrenatural e na solidariedade de estranhos, vizinhos e voluntários que se mobilizam para oferecer ajuda.

Essa resposta coletiva exemplifica como, mesmo no meio de tanta dificuldade, o ser humano pode encontrar forças para continuar. A generosidade e o apoio da comunidade oferecem mais que alívio imediato, reforçam a união e a importância de cada esforço para reconstruir o que foi perdido. Neste momento, o sentido é simplesmente seguir adiante, passo a passo, amparados pela esperança e pela ajuda mútua.

Pensando sobre esses desastres, podemos avaliar que o propósito pode ser reconstruído mesmo a partir dos destroços. A capacidade de olhar para frente e repensar um futuro, apesar de tudo, é uma afirmação da vida e de força interior. Para os atingidos pelas enchentes, seguir adiante vai além, é uma necessidade vital, um ato de afirmação diante do caos e da incerteza.

Como alguém interessado pela ciência social, conectado nas histórias humanas, percebo que não precisamos de termos técnicos para falar ideias profundas. A simplicidade na análise de nossas experiências pessoais pode ser o fator principal para alcançar uma compreensão mais profunda da vida. A busca por sentido não é uma teoria, é uma realidade vivida que cada um de nós pode buscar em nosso dia a dia, cada um do seu jeito.

Portanto, mesmo diante da dificuldade, há sempre espaço para encontrar algo pelo qual vale a pena viver. Seja na reconstrução, um projeto pessoal, um amor, uma paixão pela arte ou simplesmente o desejo de ver o que traz o amanhã, essas são inspirações que podem iluminar os dias mais difíceis.

E quando faço essas reflexões, espero trazer algum incentivo a outras pessoas para buscar seu próprio sentido na vida, fortalecendo a ideia de que, não importa quanto seja difícil a caminhada, certamente há um caminho a ser encontrado, um motivo para seguir em frente. Afinal, não existe outra possibilidade senão continuar.

 

Daniel Ferreira

Publicitário e Estrategista em Marketing Político

@danielferreirarelevo

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