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Já caiu em alguma mentira hoje? Entenda como surgiu a tradição do 1º de Abril

Sim! Um papa, Gregório XIII, pode estar por trás de tudo

O mês de abril chegou e sempre no seu primeiro dia precisamos ficar atentos para não cairmos em nenhuma pegadinha e nem acreditarmos nas mentiras mais lavadas que vão nos contar.

Isso porque, há muito tempo se celebra o dia 1º de abril como o Dia da Mentira, e existem muitas explicações para essa data ter se transformado no dia tradicional de propagação de mentiras.

A mais famosa delas diz que a brincadeira surgiu na França. No começo do século 16, o Ano Novo começava a ser festejado em 25 de março, chegada da primavera no Hemisfério Norte. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril, data que marcava o início do ano.

Em 1582 na Europa, por iniciativa do papa Gregório XIII foi criado o calendário gregoriano, com o objetivo de corrigir os erros do calendário anterior: o calendário juliano implantado pelo líder romano Júlio César.

A palavra calendário vem do latim calendarium, que significa livro das calendas. Este era o livro usado para contar os dias das festividades religiosas marcadas no início de cada mês lunar na Roma Antiga, antes da introdução do calendário juliano.

Na França, assim que o rei soube da mudança, impôs a adoção do calendário gregoriano no país, que determinava o início do ano no dia 1º de janeiro. Mas alguns franceses resistiram à mudança e quiseram manter a tradição, organizando festas e fazendo saudações de Ano Novo em 1º de abril. Para ridicularizar os conservadores, os adeptos do novo calendário enviavam presentes estranhos e convites para festas em 1º de abril que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries, e com o passar do tempo, a “brincadeira” saiu da França e correu o mundo.

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Ilustração do ‘Romance de Fauvel’ mostra tradição da Idade Média conhecida como Charivari, festa condenada pela Igreja como rude

Outra teoria diz que, muito antes do século 16, a tradição de 1º de abril já existia. Abril venha ser o segundo mês do calendário de Rômulo, contando 30 dias como hoje. E em Roma, no dia 1º de abril, todo o povo se reunia ao redor do Templo de Teseu, entregando-se às festas e danças. Na ocasião, todo tipo de diversão e brincadeiras eram permitidas, e uma das características das descontraídas comemorações era a pregação de trotes. Claro, que essa teoria diz garantir que foi destas brincadeiras que veio a origem das mentiras e blefes que se pregam até nos dias de hoje.

Há outras hipóteses, como por exemplo, a de que o Dia da Mentira seria uma continuidade das brincadeiras, músicas obscenas e fantasias usadas em festivais que marcavam a mudança das estações. Ou, ainda, a data teria surgido após o rei George III da Inglaterra ter feito uma piadinha, em 1º de abril, com a deposição do rei Luís XIV durante a revolução francesa.

Até que o relógio bata a meia-noite do dia 2 de abril, tudo pode ser apenas uma invenção.

Na véspera do dia 1º de abril em 1940, o Instituto Frankiln, nos Estados Unidos, divulgou um comunicado de que o mundo acabaria às 3h da madrugada. A rádio KYW caiu na pegadinha, levando desespero aos ouvintes: “Seus maiores medos de que o mundo vai acabar foram confirmados pelos astrônomos do Instituto Franklin, na Filadélfia”.

Décadas depois, em 1983, o professor de História da Universidade de Boston Joseph Boskin revelou à agência de notícias Associated Press mais uma explicação possível para o surgimento da data: no Império de Constantino, na Roma Antiga, um grupo de bobos da corte teria desafiado o imperador, dizendo que faria um governo melhor do que o dele. Constantino, divertindo-se com a provocação, deu aos bobos um dia no poder (1º de abril). A partir de então, a data virou motivo de gozação. Demorou duas semanas para que o veículo que publicou a notícia ficasse sabendo que a história não se passava de um trote do Dia da Mentira feito pelo professor universitário.

No Brasil, em 1º de abril de 1848, foi lançada a primeira edição do jornal “A Mentira”, em Pernambuco. Já de cara, ele trazia a mentirosa – e polêmica – manchete: “Morre Dom Pedro II”. Foi a primeira brincadeira do Dia da Mentira feita pela imprensa brasileira. A notícia deu o que falar, e só foi desmentida no dia seguinte. O imperador só bateu as botas 43 anos depois.

Na França, a data é conhecida como “Peixe de Abril” (“Poisson d’Avril”). O trote mais praticado entre as crianças é o de colar um desenho de um peixe nas costas dos colegas.

Entre os ingleses, o Dia da Mentira é conhecido como April Fools’ Day, que significa literalmente “Dia dos Bobos de Abril”.

Os escoceses adoram a data! Tanto que, na Escócia, as comemorações duram dois dias. No primeiro dia, eles fazem uma espécie de “caça aos bobos”, uma velha tradição, que consiste em enviar uma mensagem com o pedido de socorro a um amigo, que iniciará uma caça pela suposta pessoa perdida e, no fim, será o foco das piadas. O segundo dia é dedicado à brincadeira de se colar placas de papel nas costas dos colegas. A mais comum costuma dizer “Me chute”.

Em Portugal, o Dia da Mentira é comemorado no domingo e na segunda de Carnaval. A brincadeira mais comum é a de se jogar farinha no rosto dos colegas.

Na Polônia, o Dia da Mentira é levado a sério! Isso porque a mídia e até o poder público geralmente entram na onda das brincadeiras. Não entrar no clima é praticamente proibido durante a data. A prática mais comum é a de jogar água nos colegas.

No Irã, o 13º dia do Ano Novo pelo calendário persa — oficial neste e em outros países do Oriente Médio — cai nos dias 1 ou 2 de abril. Além de festas ao ar livre, a data é repleta de brincadeiras.

Em 2016, o governo chinês, por meio da agência de notícias estatal Xinhua, proibiu brincadeiras relacionadas ao dia da mentira, uma vez que a data “não faz parte da tradição cultural ou dos valores socialistas”. O comunicado deu a entender que quem desobedecesse as ordens poderia sofrer graves consequências.

Na Bélgica, a data é um pretexto para que as crianças “sequestrem” os adultos. A brincadeira consiste em “prender” os pais ou professores dentro de um cômodo. O resgate? Doces, é claro!

Não é à toa que o cantor Erasmo Carlos se referiu ao tema cantando o “Pega na Mentira”. Apesar de ser um dia de descontração, muitos propagam Fake News. Por isso, fique atento ao que lê na data e confira a fonte.

Você sabia de tudo isso? Espero que tenha gostado de saber sobre o surgimento dessa data tão tradicional até os dias atuais. Agradeço imensamente pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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