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Curiosidades dos rituais: a origem do velório, enterro e sepultamento

Saiba que a origem dessas práticas, é um tanto antiga

A vida começa e a vida termina, isso é fato e não há como negar. Após a morte, cada religião ou povo, sempre adotou algumas práticas fúnebres. Para as pessoas que vivem em países católicos, como Brasil e na Europa, os ritos fúnebres são parecidos, onde há o velório e o sepultamento que nos ajudam em nosso processo de luto, e permitem que a família e os amigos deem o seu último adeus. Mas você já se perguntou, como surgiram esses rituais? A origem do ritual e do nome velório é um tanto quanto curiosa, e na coluna de hoje vou trazer algumas dessas curiosidades.

Você sabia que a palavra “velório” surgiu das “velas” na Idade Média? Entre os rituais fúnebres, o enterro (ou sepultamento) se destaca. Essa é uma prática tão antiga quanto a própria humanidade, mas inicialmente era feita por razões muito diferentes das que temos atualmente.

Na Idade Média muitos utensílios domésticos, como copos e pratos, eram fabricados com estanho, e bebidas alcoólicas eram servidas nesses copos de estanho, o que provocava uma reação química, liberando óxido de estanho, altamente tóxico, e por conta do excesso, muitos efeitos colaterais causavam aspectos de narcolepsia (sono incontrolável e profundo), como a medicina não era tão avançada, alguns acreditavam que o indivíduo realmente poderia estar morto, o que fazia com que muitas pessoas fossem enterradas vivas.

Quando as famílias encontravam alguém nesse estado, para evitar problemas, o “corpo” era recolhido e colocado sobre uma superfície (mesa, cama, entre outras); aí então, começava a vigília para verificar se o “falecido” acordaria ou não. Isso era feito para garantir que o suposto morto não acordaria durante o período de pelo menos 24h, e que não fosse enterrado vivo.

Uma curiosidade é que por muito tempo o tomate foi considerado venenoso. O que eles não sabiam é que o tomate, por ser ácido, em contato com os pratos e talheres durante a refeição, liberava a toxina. O veneno estava no prato e não na comida.

O fato é que, o nome “velório” surgiu das velas. Pois, sem luz elétrica na época, esse processo era realizado em ambientes iluminados por velas, as pessoas passavam as noites segurando velas enquanto vigiavam o falecido. Mais um reforço para a expressão “velar o corpo” ser tão utilizada.

Nos tempos de hoje o velório é uma cerimônia fúnebre em que o falecido é colocado numa urna (caixão) para receber as últimas despedidas de seus familiares e amigos. É claro que cada cultura tem suas particularidades. Os velórios, sepultamentos e cremações acontecem de formas muito diferentes pelo mundo, como festas, recitais de cartas e poesias, fanfarras, jantares e muito mais.

A decoração do velório também fica a cargo da família ou por solicitação do falecido, quando ainda em vida, através de documento registrado em cartório ou desejo expresso para algum conhecido ou familiar. Algumas religiões dizem que o velório deve durar 24 horas porque o espírito ainda está presente no corpo. Mas o tempo de exposição do corpo que está sendo velado, difere muito em cada região ou país. E isso, é uma outra história, vou deixar para uma próxima coluna.

No início, os velórios eram realizados nas casas das famílias e todos os parentes e pessoas próximas compareciam e entregavam flores. Com o surgimento de lugares próprios para isso, muitos não podiam se deslocar até o local do velório e passaram a enviar as flores e cartas, que muitas vezes, na emoção do momento, não eram lidas. Para mostrar a todos que, mesmo não comparecendo, aquela pessoa se importava com o morto, passou-se a enviar flores e faixas com um recado em letras garrafais. Assim, todos os presentes poderiam saber quem enviou e a mensagem. Na Idade Média, principalmente durante a Peste Negra, as pessoas que morriam dessa doença, apresentavam necrose em partes do corpo, e gânglios estourados. Portanto, colocavam-se flores no caixão junto com o falecido, para disfarçar o cheiro putrefato que se espalhava pelo ambiente. Essa é a origem mais provável para a coroa de flores.

Já o ato de enterrar os corpos é quase tão antigo quanto o próprio ser humano. O povo hebreu criou o costume de sepultar os mortos, posteriormente adotado pela Igreja Católica. A necessidade de “esconder” os corpos embaixo da terra, ou mesmo de pedras, tinha um sentido diferente do atual: corpos em putrefação atraíam animais. Sendo assim, essa era uma maneira de se proteger dos predadores. Com o tempo, isso foi se tornando um ritual mais elaborado – e os corpos passaram a ser colocados em jazigos e túmulos. Pesquisadores descobriram cemitérios estimados em 60000 a.C., com chifres de animais sobre os restos mortais, indicando que já existia o ritual de presentear o falecido.

O sepultamento, diferente do enterro, consiste em colocar o corpo em uma sepultura e não em uma cova. Acreditem, os sepultamentos aconteciam dentro de igrejas, e eram muito comuns na Europa até que, no século XIV, a peste negra dizimou milhões de pessoas, fazendo com que não fosse possível comportar tantos corpos. Assim, os enterros foram instituídos.

No Brasil, os sepultamentos em igrejas existiram até a década de 20, quando foram construídos os primeiros cemitérios. Antes disso, apenas escravos e indigentes eram enterrados, enquanto os homens livres eram sepultados nas igrejas. Devido a esse costume, era possível “medir” o tamanho de uma cidade pela quantidade de igrejas que ela possuía. 

Já a cremação, técnica que reduz um corpo a cinzas, foi criada por volta de 1000 a.C. pelos gregos e romanos, que acreditavam que o sepultamento era para criminosos e seria mais digno ter o corpo cremado. Até 1964, a Igreja Católica não permitia que seus fiéis fossem cremados. Atualmente, mesmo sem a proibição, o hábito do enterro ainda continua muito forte em países católicos. 

No Brasil, quem não possui um espaço privado no cemitério é enterrado nas “quadras gerais”. Após três anos, o corpo é exumado e os restos são direcionados a um ossário. 

Estima-se que o maior cemitério do mundo é o “Wadi Al-Salaam”, no Iraque, com mais de 5 milhões de corpos. Enterrar um corpo em terreno privado, e não no cemitério, é considerado crime de ocultação de cadáver.

Pensando em diminuir o impacto ambiental, já que o caixão, as roupas e o líquido tóxico da decomposição do corpo podem atingir os lençóis freáticos, foram criados caixões de material biodegradável. Porém, são pouco solicitados por sua aparência.   

Seja como for, velar o corpo não é mais necessário apenas para garantir que a pessoa está realmente morta, mas sim para nos despedirmos. Obrigada pela leitura até aqui, espero que tenha gostado, semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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