Diesel mais caro que a gasolina: ‘Está impraticável’, alerta vice-presidente da Fetrancesc
Valor do diesel geral preocupação para as transportadoras que sentem os reflexos; risco de desabastecimento no mercado não é descartado
Um fato histórico e preocupante para as transportadoras. O valor do diesel ultrapassou o da gasolina nos postos de combustível de todo o Brasil. Em Criciúma, não é diferente. Sendo que o diesel comum está sendo vendido a um preço médio de R$7,20 o litro e a gasolina comum a R$6,50.
📲 Entre em nosso grupo e receba as notícias no seu celular. Clique aqui.
“Realmente uma coisa histórica. Sempre foi a gasolina mais cara que o diesel. Isso cada vez complica mais a situação do transporte. Porque isso está impactando. Temos transportadora que está comprometendo 60% o custo do diesel. Por exemplo, em um frete de R$1.000 se gasta R$600 com óleo diesel e os outros R$400 fica para tirar as outras despesas. Tivemos o dissídio agora que deu em torno de 12%. Isso representa quase 3% no custo, também”, destaca o vice-presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Santa Catarina (Fetrancesc), Riberto Lima.
Segundo ele, a situação já ‘passou do limite’ e existe o risco de desabastecimento do mercado devido ao ‘estrangulamento’ das transportadoras. Tendo em vista que muitas não conseguem repassar esse aumento do óleo diesel para o valor dos fretes.
“Os embarcadores, as indústrias não estão repassando o aumento do diesel para o trasportador e estão repassando para o consumidor. Não estou dizendo que são todos, mas virou uma fonte das pessoas conseguirem aumentar a matéria-prima, o produto acabado no mercado, na loja, como roupa, leite, remédio alegando que é por conta da alta do diesel. Só que na realidade eles, também, estavam com demanda represada de reajuste”, analisa Lima. “Grande parte das transportadoras estão diminuindo frota, estão deixando caminhão parado, não estão mais embarcando. Porque infelizmente está impraticável”, completa.
O reajuste oferecido no valor dos fretes, na maioria dos casos, não supre o aumento do custo que o transportador obteve com a alta do combustível.
“Para se ter uma ideia, os últimos reajustes ninguém conseguiu repassar nada. Só do último reajuste do combustível deu 14,26%. Se considerar 50% de diesel, já daria cerca de 7,5% de reajuste no frete. Estão oferecendo 2%, 3% em duas vezes. Então não está sendo repassado”, explica o vice-presidente da Fetrancesc. “Indíce da mortalidade das transportadoras e da indadiplência está aumentando muito. O próprio consumidor tem que entender que se isso não ocorrer vai desabastecer o mercado porque vai faltar transporte. No agronegócio já está começando a falta”, alerta.
“Melhor parar do que quebrar”, alerta
A orientação da confederação, federações e sindicatos do tranposte é que as transportadoras repassem o valor do rejuste do óleo diesel. Mesmo que isso ocasione a dimunição de fretes.
“Se a indústria não repassar, é melhor parar do que quebrar. Infelizmente o transportador tem medo de perder o cliente, mas não tem medo de falir que é o que está acontecendo. Só que agora está tendo consciência de que não adianta tocar porque não é mágico. Quem tira coelho da cartola é mágico e não podemos fazer mágica. Nossa questão é custo e não bate, a conta não fecha. Ou ele repassa ou, infelizmente, está fadado ao insucesso”, enfatiza o vice-presidente da Fetrancesc.
Para ele, a projeção é de que o preço se estabelize, sem maiores aumentos. Devido a indicação de estabilização do dólar e de questões como a guerra e a pandemia da Covid-19. ” Já está em um limite bastante elevado e as oscilações agora não muda muito, porque a própria Europa está se mobilizando para baixar o preço do barril do petróleo. Acredito que vai girar em torno disso, aumento não tão significativo como aumentou agora”, analisa Lima.
Caso um novo aumento grande ocorra, o risco é real de desabastecimento de produtos. Tendo em vista que, segundo ele, as transportadoras já estão atuando acima do limite. ” Com certeza terá desabastecimento. O transportador agora está sentindo no bolso. Antes em palestras e cursos de formação dos custos ele não entendia. Agora não, está vendo que não adianta que não vai conseguir vender, ou repassa o reajuste ou ele fecha”, projeta.
Em busca da mudança na política de preços
A grande luta, agora, dos órgãos que representam os transportadores é pela mudança da política de paridade internacional dos preços praticada pela Petrobrás. Desta forma condicionando o reajuste dos combustíveis ao mercado internacional e ao dólar.
“Nossa movimentação é que não concordamos com a paridade internacional. Porque é muito volátil, ela tem semana que pode dar dois ou três reajustes. Temos transportadora que tem 100, 200 postos de fornecimento de óleo diesel. Então como vai negociar isso todo dia? O que queremos e fizemos em um congresso em Brasilía, pedimos e a Câmara dos Deputados irá chamar o ministro de Minas e Energia para uma audiência. Queremos que modifiquem essa maneira de reajustar o diesel porque está impraticável”, finaliza o vice-presidente da Fetrancesc.