Operação que investiga trabalho análogo à escravidão é realizada em Criciúma

Uma operação contra o trabalho análogo à escravidão de travestis está sendo realizada na tarde desta segunda-feira, dia 21, em Criciúma. A Operação “Libertas” foi desencadeada em novembro de 2021, em Uberlândia (MG), e investiga crimes cometidos por um grupo que controla pontos de prostituição na cidade.

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Segundo o promotor Thiago Ferraz de Oliveira, responsável pelas investigações, a partir da operação realizada em Uberlândia (MG), foi identificado que havia um controle de pontos de prostituição de travestis em Criciúma, na Grande Próspera, próximo a antiga Casa do Baile (apenas referência). 

O local que está sendo investigado é onde as travestis dormem, em uma pensão no bairro Rio Maina, em Criciúma. De acordo com o promotor, o local fica no mesmo terreno da casa da mulher suspeita de comandas o grupo.

“Hoje realizamos a operação para verificar a situação de moradia das travestis em uma pensão aqui na cidade. Fomos ao local e encontramos condições degradantes de moradia. As travestis pagam R$ 50 por dia para ter o direito de um colchão para dormir”, explica o promotor. 

Quatro pessoas já foram presas desde o início da operação, sendo uma em Criciúma. “As presas são travestis que manipulam as outras travestis. Em Criciúma está presa quem comanda na cidade, que montaram o mesmo negócio de Uberlândia”, explica Oliveira.

Seis travestis estavam na pensão no momento da Operação e foram levadas até a procuradoria do Ministério Público do Trabalho, em Criciúma. “Estão sendo ouvidas neste momento e uma auditoria fiscal do trabalho está aqui e vai ver as condições em que vivem. Vamos ouvir a presa de Uberlândia e ver o desfecho, se existe trabalho escravo e qual providência será tomada”, ressalta o promotor.

A ação conta com o apoio do Ministério Público do Trabalho de Criciúma e Minas Gerais, Ministério do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal e um grupo de segurança institucional. 

5ª fase da Operação em Uberlândia 

A 5ª fase da Operação “Libertas” iniciou na última quarta-feira, dia 16, em Uberlândia.  Mais 10 travestis e transexuais foram ouvidas nesta etapa. 

A ação ose tratou de uma medida protetiva, e não punitiva, com o intuito de investigar se travestis e transexuais são coagidas a trabalharem em Uberlândia e em qual situação elas vivem.

O trabalho é realizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e das polícias Militar, Civil e Federal.

Segundo o procurador do Trabalho, Paulo Gonçalves Veloso, o foco desta fase foi a proteção das travestis e transexuais para que sejam instruídas e façam parte do processo que vai pedir o pagamento de direito trabalhistas e indenização.

“O foco foi o cumprimento da legislação trabalhista. Foi a verificação e inspeção de alojamentos e das condições de trabalho. Estivemos em alguns locais que são mantidos por pessoas que já são investigadas na operação”, afirmou.

Ainda durante a ação, endereços que serviam como pensões foram inspecionadas pela força-tarefa. As residências ficam nos bairros Santa Mônica, Tibery, Centro, Nova Uberlândia, Umuarama e Minas Gerais. Quatro destes locais, localizados nos dois últimos bairros, estão no nome de uma ex-vereadora.

De acordo com o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz, nos endereços travestis e transexuais viviam em condições degradantes, como falta de limpeza.

“Na entrada encontramos uma máquina de cartão. O local cheirava a urina de animais e elas tinham que viver com um cachorro doente, sem tratamento. A geladeira da dona era separada e estava trancada, enquanto que a delas quase não tinha alimentos”, disse o promotor.

Informações 5ª fase Operação: G1