Cirquinho do Revirado apresenta espetáculo “Amor por Anexins”
Projeto prevê apresentações gratuitas em seis cidades. Programação marca os 20 anos da peça
O tradicional espetáculo de rua “Amor por Anexins”, apresentado mais de 500 vezes em 17 estados pelo Grupo Cirquinho do Revirado, completa duas décadas e levará arte e cultura a 6 cidades do Litoral Catarinense. A circulação da dramaturgia brasileira, que já ultrapassa um século do seu lançamento, será nas praias de São Francisco do Sul, Barra Velha, Bombinhas, Imbituba, Rincão e Arroio do Silva, aproveitando o movimento turístico do verão. O calendário inicia dia 4 de fevereiro.
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Serão duas semanas de apresentações, em um momento de comemoração em dose dupla. Além do espetáculo completar 20 anos, o Cirquinho do Revirado inicia a celebração de seus 25 anos. Para o ator e também um dos criadores do grupo, Reveraldo Joaquim, o projeto é uma ótima maneira de celebrar. “Pretendemos dar visibilidade a um espetáculo que ultrapassa duas décadas de cena, tendo seu elenco principal mantido até os dias de hoje. A peça é uma referência no Teatro de Rua do Brasil. Quando o grupo leva para a rua um clássico de Arthur Azevedo com Pernas de Pau, quebra a quarta parede e tem no texto um pretexto para o teatro ir à rua”, afirma.
As apresentações no litoral foram pensadas estrategicamente e a expectativa é de um grande público para todos os dias, devido ao movimento no litoral. Assim, será possível compartilhar a cultura e a beleza da peça com um maior número de pessoas. “Apresentar nas praias do Litoral Catarinense é sinônimo de sucesso, pois encontramos, nas noites, centenas de pessoas em busca de lazer e cultura. Em “Amor por Anexins”, levaremos um espetáculo para toda a família, que tem reflexões e que diverte ao mesmo tempo que transforma”, frisa Reveraldo.
Saiba mais sobre a peça
Com 45 minutos, a peça de rua é de Arthur Azevedo e propõe uma espécie de reflexão de valores sobre temas atuais. O texto foi escrito pelo autor aos 15 anos, em 1870, e conta de forma cômica a história do velho solteirão Isaías, que tenta conquistar a viúva costureira Inês, por meio de anexins – ditados populares.
O espetáculo mistura teatro, circo e música, sendo feito tudo ao vivo. O uso do elemento circense das pernas de pau em é uma forma de chamar atenção das pessoas que, ao formarem uma roda e transformar a rua em picadeiro, tem toda a condição de assistir à peça de qualquer distância. As pernas de pau também são usadas como uma extensão do corpo dos atores, que no jogo da cena colocam o público na apreensão por verem a possibilidade de os atores caírem das pernas ao fazerem movimentos acrobáticos, trazendo adrenalina do circo para uma peça de teatro.
O “Amor por Anexins” interpretado pelo Cirquinho do Revirado
A apresentação feita pelo Cirquinho do Revirado teve inúmeras exibições em Criciúma e região, além de outras localidades, destacando-se: a circulação no Palco Giratório, em 2013, dentro do Festival Internacional de Teatro em São José do Rio Preto, São Paulo; Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba, 2003, também em São Paulo, onde ganhou 8 dos 8 prêmios concedido na categoria “Teatro de Rua”, e em 2002 no 10º Festival Nacional de Teatro de Florianópolis – Isnard Azevedo – , quando recebeu os prêmios de melhor espetáculo, melhor maquiagem, melhor figurino e melhor ator, obtendo ainda indicações para melhor atriz e melhor direção.
Para sua montagem, em 2001, sob direção de Lourival Andrade, o projeto foi aprovado entre os 73 selecionados de 678 inscritos no programa EnCena Brasil, da Funarte (Fundação Nacional de Artes), e estreou no ano de 2002, na Praça Nereu Ramos, em Criciúma. “Circular com o espetáculo é uma constante do Cirquinho, que tem, na sua produção, apresentações gratuitas em praças públicas, juntando a arte do teatro com habilidades e elementos circenses que o grupo incorpora em praticamente todas as suas montagens teatrais”, conta Joaquim.
Trata-se de uma comédia farsesca adaptada para o espaço da rua com pernas de pau, que traz letras e músicas originais de Arthur Azevedo, trabalhadas pelo compositor Jefferson Bittencourt, de Florianópolis. “É um espetáculo já consagrado em nível Nacional, sendo, portanto, o espetáculo ideal para que se cumpram os objetivos propostos no projeto e no Edital Aldir Blanc de Santa Catarina – edição 2021. Poder comemorar os 20 anos da estreia do espetáculo é valorizar a longevidade que uma obra pode alcançar, e assumir que ela é viva e está em constante mudança, evoluindo com o tempo e sendo parte da história de um grupo, mantendo também a sustentabilidade do mesmo”, afirma Reveraldo.
O espetáculo é indicado para toda a família. A apresentação na rua se propõe a chegar nas pessoas de forma direta, ignorando qual a classificação socioeconômica de quem está ali. “O teatro de rua tem na sua característica principal a linguagem direta e democrática, aproximando pessoas de várias faixas sociais, sendo todos e todas espectadores que trocam sorrisos e emoções. A arte de rua coloca frente a frente pessoas que se tornam espectadores de outras pessoas, sendo também protagonistas de suas felicidades e de suas frustrações. Parar e assistir um espetáculo de rua é o que espera qualquer artista, porém o fato de que aquela arte chamou atenção das pessoas, interferiu no cotidiano dela, já é o efeito da arte, exposta naquele lugar, naquele momento em que ela fez seu papel”, completa o ator.