A proteína animal tem custado cada vez mais caro no bolso das famílias brasileiras. No acumulado do ano, as carnes ficaram 9,98% mais caras. A variação foi apresentada nesta semana pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15), que apontou para uma inflação de 10,4% no acumulado dos últimos 12 meses, a maior alta anual desde 2015.
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De acordo com o economista da Epagri, Alexandre Giehl, alguns fatores contribuíram para o aumento do valor das carnes, um deles é a baixa oferta dos animais de corte. “os preços estavam estagnados e isso fez que muitos produtores se desfizessem suas fêmeas, e reduzindo seu plantel e desfazendo as matrizes para redução de custos”, explicou. Ghiehl disse ainda que outro fator para o aumento é o aumento do custo dos produtores. “A maioria dos bovinos tem alimentação à base de pasto, mas muitos são criados em confinamento ou recebem suplementação com ração. Produto que teve aumento exponencial nos últimos tempos”, explicou. Dessa forma, segundo o economista, os valores são repassados ao produto final.
Além da baixa oferta e dos custos, a exportação também tem ajudado no aumento dos valores. “Aumentando o envio da produção para outros países, diminui a entrega aqui no Brasil e consequentemente o valor do que fica no Brasil aumenta”, afirmou.
Conforme os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta no preço das carnes foi guiada pelos cortes filé-mignon (+25,23%) e peito (15,11%).
Valores que geram impacto também nos negócios. O empresário, Ted Willian, que produz hambúrgueres, revela que os valores surpreendiam, gerando prejuízos. “Eu pego a carne em um açougue e de um dia para o outro o valor subia, e esse valor a gente não pode repassar direto para o nosso cliente. O Cardápio não pode variar de uma semana para a outra. Houve um impacto muito grande, só o valor da carne impactou em 55% o valor do lanche”, relatou. Percepção que a empresária Michella Ferreira, proprietária de uma franquia de lanches, também teve. “Nós que temos um propósito de ter um lanche mais barato, apesar da alta nos valores, seguramos o preço durante dois anos, diminuindo nosso lucro. Se é difícil para quem calcula lucros, imagina para um pai de família que deseja levar os filhos para comer um lanche”, analisa.
A pesquisa do IPCA apontou ainda que as aves e os ovos dispararam 24,8% no mesmo período. De acordo com Giehl, a exportação e os custos também ajudaram no aumento, mas o que mais contribui para o aumento foi a alta procura. “Já que a carne bovina está cara, as pessoas passaram a consumir mais frango, e o aumento da procura, gera também uma alta demanda. Consequentemente o valor aumenta”, afirmou.