Ceia de Natal mais salgada: inflação pesa e preços aumentam 5%

A dona de casa, Elizabete Gomes, 52 anos vaga pelos corredores do supermercado em Criciúma. Ela observa os preços antes de escolher qual produto levar, já que o aumento de preços é sentido a cada dia. Para equilibrar o orçamento, o jeito é ficar atenta as promoções nos mercados. “Carne só compramos no dia da promoção da carne”, diz a dona de casa.

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Com a alta nos preços, uma das questões que ela e a família estão levando em conta para a ceia de Natal é a economia. “Ainda não sabemos se vamos comprar um Chester ou fazer um churrasco. Porque um tem a carne, carvão, tudo isso. O outro tem um valor também alto, mas gás e energia que demora para assar”, explica. Uma coisa é certa, a sobremesa não será feita em casa. “Se você for comprar leite condensado e tudo o mais sai mais caro que comprar um pote de sorvete. Então essa vai ser a sobremesa”.

O supervisor de indústria, Patrick Pedroso, de 41 anos, também procura sempre as promoções. Para a ceia de Natal a família a carne já está garantida a preocupação, agora, é com o preço das bebidas. “Aumentou bastante, está pesado demais. Temos que escolher bem os produtos não dá para chegar e ir levando”, afirma ele.

Segundo um levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) o aumento no valor dos itens da ceia de Natal no Brasil chegou a 5,91%, de dezembro de 2020 a outubro de 2021. Uma ceia de Natal, segundo o levantamento, deverá custar em média R$328,17 este ano, com o aumento de preço dos produtos como panetones, chocolates, chester, carne bovina, entre outros.

Inflação, o grande ‘vilão’ da ceia

Uma das principais causas para o aumento dos preços tem sido a inflação. De acordo com vice-presidente Região Sul da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Ricardo Pereira Althoff, os supermercados tem que buscar alternativas como negociar com os fornecedores para tentar não reajustar tanto os valores dos produtos.“A inflação tem sido um grande desafio para a manutenção das margens dos supermercados que ainda nem conseguiram repassar todos os aumentos que receberam das indústrias, dos fornecedores”, ressalta.

A instabilidade econômica e política, aliada a pandemia da Covid-19, são as principais causas para esse aumento da inflação e consequentemente aumento dos preços.“A instabilidade econômica leva os agentes a tomarem a decisão de aumentarem os preços para se refugiar em um porto mais seguro de rendimentos, de ganhos. Então aumentar o preço significa a empresa ter mais recursos e a economia está em uma gangorra’, explica o Doutor em Economia pela Unicamp e professor da Unesc, Alcides Goularti Filho.

Carne de porco deve ter maior presença na ceia

Com o aumento do preço da carne bovina a carne suína estará mais presente na mesa dos brasileiros na ceia de Natal  deste ano. “Vamos ter uma ceia com produtos tradicionais como panetones, chocolates e devido ao preço da carne bovina acreditamos em um consumo maior das aves e do suíno. O suíno acabou subindo menos que outras carnes então está valendo mais a pena para o consumidor”, ressalta o vice-presidente Região Sul da Acats.

Quanto às vendas, a expectativa dos supermercadistas é de um incremento de 3 a 4% nas vendas. “Esperamos um incremento, mas ele não é grande. A expectativa no começo do ano era de fazer um ano super bom com uma projeção de 12 a 15% de crescimento das vendas. A partir do segundo semestre começamos a ver a inflação começando a ter um peso grande no consumo das famílias”, analisa Althoff.

Procon de Içara realiza pesquisa de preços para o Natal

O Programa de Proteção ao Consumidor (Procon) de Içara realizou uma pesquisa comparando o preço de 13 itens da ceia de Natal. Dentre os produtos, o que chama mais atenção é o preço do litro de suco, onde em um supermercado ele custa R$ 2,59 e no outro R$ 6,79, sendo 162,16% de diferença.

Já o espumante, em um estabelecimento a bebida mais em conta é R$ 6,80 e em outro R$ 16,70, uma variação de 145,59%.“Realizamos a pesquisa para alertar a população que preste bastante atenção nos produtos que estão levando para casa. Ficar atento às promoções também é uma boa opção. Vale lembrar que é de obrigação do consumidor analisar as datas de validade dos produtos, conferir bem o que estão levando para casa, além de sempre exigir e guardar o cupom fiscal”, disse o servidor do Procon responsável pela pesquisa, José Silvano.

Confira os produtos e preços pesquisados: