Menino desliga disjuntor de posto de saúde e três mil doses de vacina são perdidas
Caso aconteceu na noite do último sábado. Posto ficou mais de 24 horas sem energia elétrica
Uma brincadeira no final da noite do sábado, 14, provocou a perda de quase três mil doses de vacinas. Essa foi a conclusão da Polícia Civil de Capão da Canoa, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, após identificar e ouvir um menino de 11 anos morador do município.
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A unidade de saúde, no bairro São Jorge, ficou sem luz por mais de 24 horas, prejudicando a conservação dos imunizantes. Foram consideradas perdidas pela Secretaria Municipal da Saúde 740 doses de vacinas contra a covid-19 — entre CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer —, 440 doses da vacina contra influenza e outras 1.814 doses de vacinas de rotina, como BCG, HPV, hepatite A e B, raiva, varicela, entre outras.
A situação foi descoberta na manhã de segunda-feira, 16, quando os funcionários abriram o posto de saúde. Com a falta de luz, a câmara de conservação, que armazenava 2.994 doses de vacinas, ficou funcionando por bateria – mas, segundo a Secretaria de Saúde da cidade, a temperatura ficou acima do ideal, tornando os imunizantes inutilizáveis.
“As câmaras de conservação têm baterias, mas, como foi no sábado à noite, teve uma variação considerável de temperatura. Ficamos sem segurança de aplicar essas doses. Isso vai para análise do governo do Estado”, diz o diretor municipal de Saúde de Capão da Canoa, Jonas Wenclevski.
Polícia civil analisou as imagens de câmera de segurança
Ontem, 17, a Polícia Civil analisou as imagens de uma câmera de segurança no local. Nela, aparecia um garoto de bicicleta passando em frente ao posto de saúde e quebrando a caixa de luz por volta das 23h30. Mais à frente, dois adultos caminhavam.
“Por meio das imagens conseguimos chegar à casa do menino. Com a ajuda da mãe dele, nos contou que pensava em deixar algumas casas sem luz, uma brincadeira. Ele estava com a irmã e o namorado, mas nas imagens fica bem claro que o casal estava muito à frente e não viu o que ele fez. E o menino confirmou que não contou o ato para ninguém”, disse a delegada Sabrina Deffente.
Por ter menos de 12 anos, não será gerado ato infracional. A conclusão será enviada ao Ministério Público para se avaliar eventual acompanhamento do caso pelo Conselho Tutelar. Agora, a polícia apura a responsabilidade pelo disjuntor estar em local de tão fácil acesso.
Nenhuma das doses foi descartada até o momento. Os imunizantes seguem armazenados na câmara de conservação de imunobiológicos esperando respostas da Secretaria Estadual e do Ministério da Saúde. Em relação a vacinas de rotina, o município registrou no sistema do Estado que avaliará as condições das doses. Quanto às vacinas contra a covid-19, o registro foi junto ao Ministério da Saúde, que possui os protocolos estabelecidos.
Um relatório foi enviado ao governo do Estado pedindo orientação sobre o que deve ser feito com as vacinas. Até que chegue à resposta, elas são consideradas estragadas.