Os Jogos de Tokyo estão a todo vapor indo para reta final, e para deixar você por dentro de alguns fatos interessantes, vou te contar algumas curiosidades olímpicas que acredito que você pode gostar de descobrir sobre as Olimpíadas.
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Na coluna da semana passada eu contei quem foi o atleta mais jovem a participar das competições. Mas você sabe quem foi o mais cara de pau de todos os tempos? E que o Tarzan já levou seis medalhas pra casa? Você sabia que a medalha de ouro não é feita de ouro? Pelo menos não totalmente! Então, senta que lá vem história.
Os primeiros Jogos Olímpicos ocorreram no século VIII A.C. em Olímpia, na Grécia. Eles eram realizados a cada quatro anos e assim continuaram por 12 séculos. Os Jogos Olímpicos começaram e acabaram por motivo semelhante: a religião. Já nas mãos de Roma, em 394 d.C., Olímpia deixou de sediar as Olimpíadas a mando do imperador Theodosius I. Devoto do cristianismo, Theodosius I aboliu as Olimpíadas por considerá-la um festival pagão. No entanto, a tradição foi ressuscitada cerca de 1500 anos depois: os primeiros Jogos Olímpicos modernos foram realizados em 1896 na Grécia.
Ah, e na Grécia antiga, os atletas não se preocupavam com patrocínio, proteção ou moda – eles competiam nus. Os corpos esculturais eram valorizados e os atletas tinham orgulho de exibi-los ao público. Entretanto, originalmente os competidores usavam uma espécie de tanga à la Tarzan. Especula-se que os espartanos tenham sido responsáveis por levar a tradição “todo mundo pelado” aos Jogos.
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O sangue não se restringia aos sacrifícios de animais. Em algumas modalidades ele também estava bastante presente. Um dos esportes mais violentos da época era o pygmachia, também conhecido como boxe da antiguidade. A competição era semelhante ao boxe como conhecemos e já fazia uso de luvas. A diferença é que o pygmachia era muito mais violento. Não havia rounds e nem restrições de peso. Durante a era romana, os lutadores chegavam a usar luvas de metal para causar mais danos ao adversário, de acordo com documento do Museu Britânico. Outra luta muito conhecida nessa época era o pancrácio. Uma espécie de MMA da antiguidade, a competição permitia qualquer tipo de golpe, exceto dedo no olho. Ossos quebrados e até mortes não eram tão raras nessas competições. Naquela época, os jogos duravam de cinco a seis meses.
Com exceção das sacerdotisas, era estritamente proibida a presença de mulheres casadas nos locais onde ocorriam os eventos olímpicos. Apesar disso, nas datas dos Jogos, pais de mulheres solteiras dos mais diversos lugares da Grécia levavam suas filhas a Olímpia na esperança de que elas se casassem com um campeão.
A profissão mais antiga da história da humanidade também fazia parte dos Jogos Olímpicos – claro que não oficialmente. Durante a Olimpíada, prostitutas de todo o Mediterrâneo eram levadas à cidade sede, e os cinco dias que duravam as Olímpiadas essas mulheres ganhavam a mesma quantidade de dinheiro que conseguiam em um ano inteiro. Os gregos não era um povo muito beberrão. Entretanto, a bebedeira rolava solta durante os Jogos Olímpicos. Estudantes organizavam simpósios – espécies de jantares regados a vinho e discussões intelectuais – que no final se tornavam umas verdadeiras orgias de bêbados.
Apenas homens livres que tivessem nascidos na Grécia podiam competir nos Jogos Olímpicos. Contudo, nessa época as mulheres também tinham um evento esportivo destinado somente a elas. Conhecido como Jogos Heranos, a competição era uma homenagem a Hera, deusa da vida e da mulher, e só podiam participar mulheres solteiras. As mulheres só foram autorizadas a competir nos Jogos Olímpicos em 1900.
Como ocorreram as condecorações? O primeiro lugar ganhou medalha de prata e coroa de ramo de oliveira, assim como acontecia nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga. O segundo lugar recebeu medalha de bronze e o terceiro, um aperto de mão.
Os seguintes esportes (infelizmente) não fazem mais parte dos Jogos Olímpicos mais: nado sincronizado individual, cabo de guerra, corda de escalada, balão de ar quente, duelo de pistola, bicicleta tandem, natação com obstáculos e mergulho a distância.
E felizmente também o tiro ao pombo vivo, que hoje daria cadeia. Mas já deu medalha. Ganhava quem matasse mais aves em menos tempo. A inusitada e controversa modalidade foi disputada na Olimpíada de Paris 1900. Os três primeiros colocados, sozinhos, abateram quase 80 pombos. Ao longo dos Jogos, foram mais ou menos 300 pombos. Como o esporte foi muito criticado à época, apenas quatro dos 55 inscritos participaram da competição. Nos Jogos Olímpicos de 1908, 1912, 1920 e 1924 a modalidade ainda seria disputada, mas com pombos de argila.
Sabia que os arcos do símbolo olímpico – projetado pelo Barão Pierre de Coubertin, cofundador dos Jogos Olímpicos modernos – representam os cinco continentes da Terra? América, Ásia, África, Europa e Oceania. As seis cores – azul, amarelo, preto, verde, vermelho e fundo branco – foram escolhidos porque está presente na bandeira de algum país existente no mundo. No caso do Brasil, temos três: verde, amarelo e azul. O primeiro mascote oficial foi Waldi, o dachshund, nos Jogos de 1972 em Munique.
E, se você acha que os atletas não trapaceiam, a não ser no teste de doping, fique sabendo que um maratonista americano já foi desclassificado de uma Olimpíada por pegar carona em um carro. Até que se prove o contrário, Fred Lorz é medalha de ouro no quesito cara de pau. O maratonista americano foi desclassificado dos jogos de 1904, em Saint Louis (EUA), por pegar carona de carro e desembarcar faltando seis quilômetros para a linha de chegada da maratona. Pode isso Arnaldo?
Você provavelmente nunca ouviu falar de Johnny Weismuller, mas ele foi um ícone em seu tempo. Além de superstar, protagonista do primeiro filme do Tarzan no cinema, foi ele quem inventou o bom velho grito de guerra do Tarzan. Nascido no Império Austro-Húngaro, o ator-atleta ganhou seis medalhas olímpicas na natação em 1920, quebrou 67 recordes mundiais e ainda fez 12 filmes como o homem das selvas. Haja fôlego!
Acostumado a nadar nas águas salgadas de Honolulu, Duke Kahanamoku, o Rei do Surf, tinha menos de um ano de treino nas piscinas quando se aventurou pela primeira vez nas Olimpíadas. Completou os 100 metros em 1m03s4 e levou a medalha de ouro de volta pro Hawaii.
Dois ouros, duas pratas e três jogos olímpicos mais tarde, o havaiano fez da glória olímpica a melhor propaganda possível para sua terra natal e transformou para sempre a imagem do surf perante o mundo.
Medalhas de Duke Kahanamoku nas Olimpíadas
1912 – Estocolmo – 100m livre – ouro
1912 – Estocolmo – 4 x 200m livre – prata
1920 – Antuérpia – 100m livre – ouro
1920 – Antuérpia – 4 x 200m livre – ouro
1924 – Paris – 100m livre – prata
Na verdade, elas são feitas de prata e recebem um banho de ouro no final. Conforme registros dos Jogos Olímpicos, as últimas medalhas de ouro maciço que foram feitas em 1912.
Abebe Bikila foi um corredor atíope que fez história. Ele foi o primeiro negro a ganhar uma medalha de ouro em maratonas olímpicas. Isso aconteceu nos Jogos Olímpicos de 1960 e ele ainda correu descalço.
Na época, os jogos não eram tão organizados quanto agora e, com certeza, o acontecimento não era tão popular. Aliás, as equipes que competiam eram representadas, muitas vezes, por atletas de diversos países diferentes.
O sueco Hans-Gunnar Liljenwall foi o primeiro a ser convidado a se retirar das competições olímpicas, em 1968. Os testes dele deram positivo para álcool, o que era proibido na época.
Hoje em dia, no entanto, um atleta só seria desclassificado por este motivo se o nível etílico em seu sangue fosse superior a 0,1 g/L, e se fosse competir em esportes em que a embriaguez possa representar riscos, como arco e flecha, por exemplo.
E quem disse que os nerds não participam das Olimpíadas? Em 1912, o barão Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos modernos, fundou também a competição de artes. Agora, adivinha quem ganhou a medalha de ouro em literatura? Isso aí, ele mesmo. De 1912 a 1948, pintores, escultores, arquitetos, escritores e músicos competiam por medalhas em suas respectivas áreas, participando dos Jogos Olímpicos.
Em 1912, durante a semifinal de luta greco-romana, o russo Martin Klein e o finlandês Alfred Asikainen, que acabou vencendo a disputa, lutaram durante 11 horas. Com certeza, nenhuma outra luta foi tão longa até hoje.
O primeiro ganhador de uma medalha de ouro para os Estados Unidos largou a faculdade para competir. E o cara estudava em Harvard! Em 1896, James Connolly deixou seus estudos para competir nos Jogos Olímpicos, já que seu pedido de licença foi negado. Ele ganhou em primeiro lugar no salto triplo, mas não ganhou medalha, já que aquele ano não teve medalha de ouro.
Mais tarde, a Universidade de Harvard até tentou dar a Connolly um grau honorífico, mas ele recusou.
Em 1900, a golfista indiana naturalizada estadunidense Margaret Abbott ganhou a competição em primeiro lugar, mas por um mero acidente. Na verdade, ela estava visitando Paris naquele ano e decidiu competir, sem saber da grandiosidade do torneio. Ela só descobriu ser a primeira mulher americana a ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas quando retornou ao seu país.
Em 1960, viajar de avião ainda era uma enorme novidade, tanto que o lutador Muhammad Ali levou um paraquedas consigo para voar até os Jogos de Roma. Ele tinha muito medo de voar e preferiu garantir sua sobrevivência, no caso de algum acidente. Mas, claro, nada de ruim aconteceu e ele levou para casa a medalha de ouro.
Nadia Comaneci foi a primeira atleta a conseguir uma nota perfeita (10,0).
A atleta competia nas barras assimétricas e executou todos os movimentos de forma irrepreensível. O único problema é que o placar não estava preparado para este feito e a nota dela apareceu como se fosse 1,0.
Os Jogos Olímpicos de 1984 e o prejuízo milionário do McDonald’s
Na época, provavelmente duvidando dos feitos dos atletas americanos nas competições, a rede de fast foods prometeu aos clientes refrigerante, batatas fritas e Big Macs de graça; caso os Estados Unidos ganhassem medalhas de ouro em determinadas provas. Detalhe: as competições que os atletas americanos deveriam vencer foram determinadas por raspadinhas oferecidas pelo próprio McDonald’s.
E, embora o dono nunca tivesse imaginado esse resultado, os Estados Unidos faturou 83 medalhas de ouro nos jogos daquele ano, 49 a mais que nos jogos anteriores, em 1976. No fim, a rede precisou “rebolar” para cumprir o prometido.
Durante os Jogos de 1936 em Berlim, dois polos-vaulters japoneses empataram em segundo lugar. Em vez de competir pela medalha de novo, eles cortaram as medalhas de prata e bronze no meio e fundiram as duas metades diferentes para que cada um deles ficasse com meia-prata e meio-bronze.
A chama olímpica é um símbolo que comemora o roubo do fogo de Zeus por Prometeu, que deu o poder do fogo aos humanos. Uma tocha queimava permanentemente no altar da deusa Hestia em Olímpia em homenagem a Zeus e Hera, sua esposa. Atualmente o fogo olímpico é retirado do mesmo local em que o templo de Hera costumava ficar.
O fogo foi reintroduzido em 1928. Mas a tocha, sem precedente na antiguidade, foi criada em 1936 na controversa Olimpíada Berlim com o objetivo de promover a ideologia nazista.
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