As entrevistas com moradores de Criciúma para a pesquisa “Mental Covid – Impacto da Covid-19 sobre a Saúde Mental da População”, realizadas pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc, já estão ocorrendo. O estudo coleta dados da população adulta e idosa do município com o objetivo de avaliar os impactos da pandemia na saúde física e mental. Os resultados desta pesquisa serão comparados aos dados de um levantamento feito pelo PPGSCol em 2019, antes do início da pandemia no Brasil.
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Para que a amostra represente o município, ela é aleatória e a escolha dos domicílios a serem visitados foi realizada através de um sorteio. Os entrevistadores irão visitar, até o fim do ano, 600 domicílios nos mais diversos bairros de Criciúma. Entre os pontos que serão abordados pela pesquisa, estão a alimentação, a realização de atividades físicas, a qualidade de vida e qual o público mais afetado pela pandemia.
Residências como a da aposentada Ana Maria Alexandre Gonçalves, no bairro Santa Luzia já foram visitadas. Ela e o marido receberam uma das entrevistadoras da pesquisa Mental Covid na última quinta-feira (22/10) e segundo Ana Maria, a iniciativa é relevante para o levantamento das condições de saúde da população. “Nós não fomos tão afetados pela pandemia, mas há pessoas que foram afetadas, e muito. Por isso essas informações são tão importantes”, comenta.
Ana Maria afirma que ela e o marido conseguiram manter por um bom tempo o isolamento social. O casal tem três netos e quando os pais dos mais novos precisaram voltar ao trabalho de forma presencial, ela passou a cuidar das crianças enquanto as escolas de educação infantil seguiam fechadas. “Meu cunhado teve Covid-19 e antes de descobrir, tivemos contato com ele. Fizemos o exame recentemente e continuamos sem a doença. Mas com os netos vindo todos os dias e tendo contato com os pais, que saem para trabalhar, acabamos tendo que redobrar os cuidados”, afirma.
População recebe bem os entrevistadores
O professor do PPGSCol e um dos coordenadores da Mental Covid, Antônio Augusto Schafer, conta que os moradores estão sendo receptivos à pesquisa. “As pessoas se sentem bem de estarem sendo avaliadas e sentirem que estão sendo vistas. Mesmo quem está realizando um distanciamento bem rigoroso está acolhendo muito bem os entrevistadores. Mas seguimos pedindo a colaboração da comunidade, já que para conseguirmos ter a visão do todo de Criciúma, precisamos conseguir todas as entrevistas”, afirma.
O estudo Mental Covid é desenvolvido em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e foi contemplado em um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Será desenvolvido nos municípios de Criciúma e de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e vai servir também para avaliar o comportamento perante a Covid-19 em moradores de cidades de tamanhos similares, mas em estados diferentes. “A Unesc possui dados de 2019 e a Furg, de 2016 e basicamente a vida das pessoas não sofreu uma influência tão grande de um ano para outro. A diferença foi uma pandemia, algo pelo qual todos estão passando, independentemente do local em que vivem e da classe social”.
Na Unesc, a pesquisa é coordenada pelos doutores em Epidemiologia e professores do PPGSCol, Fernanda Meller e Antônio Augusto Schafer. Na Furg, a pesquisa tem como líder o doutor Epidemiologia e professor do PPGCS, Samuel de Carvalho Dumith.