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Conheça a antiga prática dos duelos conjugais

No passado, maridos e esposas participavam de verdadeiros combates para resolver conflitos. Saiba mais!

Você já ouviu falar sobre duelo conjugal? Esse tipo de prática já foi bastante comum e consistia em verdadeiros combates entre maridos e esposas para resolver conflitos e disputas para os quais não existissem testemunhas ou confissões de culpa. Um tipo de divórcio medieval, do qual casais lutavam até a morte para se separarem.

No período medieval, a situação era bem diferente, e no mínimo alarmante. Na França, por exemplo, quando marido e mulher não conseguiam mais conviver como um casal, a única maneira de um homem impedir que sua esposa o deixasse era obter uma ereção completa no meio de um tribunal, provando que ainda “estava à altura da tarefa de prover seus deveres sagrados como marido”. Em outras situações, tanto em uma corte francesa como em qualquer outra da Europa durante período medieval, era possível que ambos invocassem o tribunal por combate para saber quem sairia vitorioso da ação.


O julgamento por combate era uma prática bastante popular naquele tempo, ainda que fosse difícil ver mulheres como oponentes, visto que o princípio dele era sem mulheres, crianças ou leprosos. Só havia duas exceções: quando uma mulher precisava se defender ao ser acusada de cometer um crime, ou durante as disputas conjugais.

Por outro lado, se julgasse mais adequado, a mulher poderia designar um homem campeão para representá-lo, o mais próximo que ela teria de um advogado naquele tempo. Mas poucas o faziam, visto que era um momento crucial para elas mostrarem que poderiam ser independentes e cuidar do fim daquela relação por conta própria.

Segundo o manual de duelo escrito por Hans Talhoffer, em 1467, os juízes tomaram algumas medidas para tornar o duelo entre marido e mulher o mais justo o possível. Diferente dos duelos por combates regulares, em que os réus tinham a permissão de escolher a própria arma, nos duelos conjugais as armas eram designadas pela corte.


Funcionava da seguinte forma: de acordo com a lei germânica, para resolver acusações na ausência de testemunhas ou de uma confissão, marido e mulher poderiam realizar uma luta física, um tipo de combate único, no qual o vencedor da disputa seria declarado com a razão no conflito.

Esse tipo de duelo foi sancionado judicialmente e permaneceu em uso durante toda a Idade Média na Europa. A prática só caiu em desuso no decorrer do século XVI. O julgamento por combate foi conhecido principalmente nos costumes dos povos germânicos. Várias leis regionais do Império Franco indicavam diferentes elementos para a realização desse duelo conjugal, como, por exemplo, equipamentos e regras. Os casos de disputas domésticas eram resolvidos na força.

Para equilibrar as condições físicas entre homem e mulher, o marido era obrigado a lutar estando dentro de um poço raso e com um braço amarrado ao corpo. Já a esposa ficava do lado de fora e poderia estar armada com uma pedra embrulhada em um pano. Nas disputas domésticas entre marido e mulher, ambos precisavam vestir trajes especiais, com um capuz e um tipo de camisola de mangas compridas. Outro tipo de vestimenta para a esposa consistia num vestido apertado com uma manga longa e fechada na forma de saco, onde se colocavam pedras.

Ao contrário de duelos cavalheirescos ou dos posteriores duelos de honra, eram as autoridades jurídicas que obrigavam estas partes a disputarem um duelo judicial, o que acontecia principalmente nos Principados Alemães. Tais ocasiões poderiam se tornar imensos espetáculos para a comunidade local, com os participantes recebendo de um a dois meses para se preparar.

Como aconteciam os duelos conjugais?

Existem alguns testemunhos escritos sobre esses combates. No ano de 1200, um homem e sua esposa lutaram sob a sanção das autoridades cívicas em Basiléia, na Suíça. Já em 1228, uma mulher lutou contra o marido em Berna, também na Suíça, e o derrotou de forma humilhante.

Em alguns casos, o homem ficava armado com três tacos de madeira e era colocado em um buraco de três metros de largura cavado no chão. A luta acontecia com o homem no buraco na profundidade até a altura do peito, de onde ele poderia atacar sua esposa com o porrete apenas em uma mão, enquanto a outra ficaria amarrada às costas. E apesar disso, o homem ainda tinha muitas vantagens a seu favor, como mais força que as mulheres que não estavam acostumadas ao tipo de situação, tampouco a pegar em armas, e outras táticas desenvolvidas ao longo do tempo. Já a mulher deveria estar armada com três pedras, cada uma pesando de 0,5 à 2 kg, todas envoltas em um pano, para amortecer o impacto dos golpes. A luta era controlada por juízes.

O homem não poderia deixar o seu buraco, mas a mulher estava livre para se mover no seu entorno. Se o homem tocasse a borda do buraco com a sua mão ou braço, ele deveria ceder uma das suas clavas aos juízes. Se a mulher o acertasse enquanto estivesse fazendo isso, então seria ela que perderia uma de suas pedras.


Por mais absurdo que isso possa soar hoje, este duelo estava bem longe de ser uma mera encenação. Não se sabe ao certo como era determinado um vencedor, apenas que a morte de um dos participantes era certa. Na Era Medieval, a penalidade para a derrota no duelo conjugal poderia ser a morte ou ser enterrado vivo. Se o marido vencesse, a mulher era enterrada ou queimada viva em um buraco, mas se ela ganhasse, o homem então era executado com honras na praça da cidade. Mais tarde, os termos foram suavizados e a punição para o perdedor dos combates maritais com pedras e paus foi amenizada. Um manuscrito sobre estes duelos também descreveu outros tipos de lutas judiciais, com uma grande variedade de armas, como, por exemplo, adagas, espadas e lanças.

No final das contas, o sexismo da época sempre vencia, de uma forma ou de outra, em um jogo de progresso e retrocesso, sempre com um passo para frente e dois para trás. Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais: 
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